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Efraim Rodrigues

O dinheiro manda

Ambientalistas geralmente se interessam mais por pássaros e árvores que pelas páginas de economia, mas estão errados. O fluxo de dinheiro determina vida e morte de lugares e espécies e você manda nisso mesmo não sendo um dos 160 mil milionários brasileiros, basta ter dinheiro no banco. Quando deixamos de lado os assuntos de economia, eles terminam mesmo sendo cuidados por quem visa o lucro imediato. Se queremos que prevaleça a visão do lucro comunitário e a longo prazo, precisamos nos fazer mais presentes.

O quadrado dos investidores e o dos ambientalistas não são separados. É paradoxal, ainda que muito frequente, que aqueles que são contra o desmatamento da Amazônia ou o extermínio das baleias terminem do outro lado emprestando dinheiro para viabilizar essas atividades, e fazem isso porque não se interessam pelas letras miúdas nos contratos dos fundos de investimento. Onde seu dinheiro vai terminar, depende do fundo no qual aplicou. Se você compra títulos do governo, está ajudando o governo a trabalhar (ou a criar um monopólio supermercadista). Se você aplica em fundos DI, está emprestando aos bancos. Comprando ações está estimulando empresas e aí também você pode escolher para qual lado ir. Evite emprestar seu dinheiro para empresas poluidoras, escolha as melhores.

Também as ONGs sabem que nossas escolhas financeiras determinam o mundo onde vivemos. Por isso o Greenpeace comprou ações da Shell. Parece estranho uma ONG sendo sócia de companhia petrolífera, mas assim eles podem determinar o tamanho do investimento deles em energias limpas. O dinheiro manda. A novidade é vê-lo mandando para o bem.

Alguns bancos já oferecem fundos com determinantes ambientais, e a rentabilidade deles é bastante interessante. Talvez porque empresas preocupadas com o ambiente estão pensando no longo prazo e isso acaba refletindo em todas suas práticas. Você prefere ser sócio de um oportunista ou de empresas sólidas? Aquele que investe seu dinheiro em um banco é também um consumidor. E serviços financeiros são muito mais relevantes para a natureza que sacolinhas de supermercado.

O consumismo não seria possível sem crédito. Quando tomamos um empréstimo para comprar um bem, não estamos só alienando nosso futuro. Em última instância, bens são feitos de recursos naturais. Portanto, ao tomar crédito para comprar, você está alienando não só seus ganhos futuros, mas os do planeta também. Faça do seu dinheiro um agente de mudança ambiental.

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