Não é só na União da Ilha que a ala dos Insetos e Aracnídeos neste ano ficou meio decaída. Ao redor do mundo, colônias de abelhas estão morrendo maciçamente desde o carnaval de 2006.
Em cinco continentes o sintoma é o mesmo. Colônias com poucos indivíduos maduros, ou absolutamente sem indivíduos. A rainha permanece viva e não há abelhas mortas na colmeia.
Como será o mundo sem abelhas? O problema é bem mais sério do que não haver mais mel no mundo. Muitas plantas dependem de serem polinizadas para produzirem. Apesar de todas transformações genéticas, fruto não existem só para a gente comer. Plantas produzem frutos para nutrir o desenvolvimento da plantinha pequena ou para serem comidas por animais que irão dispersar a semente. De toda forma, sem semente não tem fruto, e sem pólen não tem semente. Como as abelhas são grandes transportadoras de pólen, o resultado é que acabando as abelhas, irão acabar também muitos frutos. Café, abacate, maçã e cacau são alguns dos produtos que irão sofrer com a falta de abelhas. As perdas podem chegar a US$ 212 bilhões em todo mundo.
Ao contrário do incêndio na cidade do samba, a causa do sumiço das abelhas não é conhecida. Já sabemos que há uma combinação de vírus e fungos nas abelhas encontradas mortas e que grandes apiários sofrem danos proporcionalmente maiores que os pequenos, reforçando a ideia que alguma doença esteja envolvida, mas ela não é a causa única. Para complicar ainda mais, o vírus é transmitido por um ácaro. A pesquisa tem enfocado em quatro áreas: parasitas, estresses ambientais e cuidados com as abelhas, como má nutrição.
Algumas possibilidades inusitadas têm sido aventadas, como a telefonia celular, espécies transgênicas e agrotóxicos (essa última nem tão inusitada assim). Neste momento não me apresso para excluir nenhuma, mas um fato curioso mostra as forças envolvidas. No site do Serviço de Pesquisa Agrícola dos Estados Unidos há um destaque para um estudo que mostra não haver relação entre o declínio das colmeias e agrotóxicos. Achei estranho e fui ler o artigo na Plos-One de março de 2010, que encontrou "121 tipos de pesticidas nas amostras" e "98% das amostras de cera contaminadas", "representando um nível notavelmente alto de elementos tóxicos na alimentação destes polinizadores.". Apesar dos termos empregados pelos autores, o Serviço de Pesquisa Agrícola estampa lá: "Não foram encontrados padrões específicos entre os resíduos e a morte de abelhas", colocando sob a vítima o custo de provar a culpa de seu algoz.
Empresas de agrotóxicos têm profundas e antigas ligações com a pesquisa governamental, em tese feita para auxiliar todos, não uns poucos. Não é só no Brasil que essas ligações são perigosas. Preste atenção no declínio das abelhas. Você vai pagar a conta com seu bolso ou sua saúde.
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