Charretes, automóveis, tablets e pessoas

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Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que aos 6 meses de idade um terço dos bebês estudados já explorava smartphones e tablets. O trabalho foi apresentado em um encontro da Academia Americana de Pediatria e os autores estavam preocupados com o fato de a maioria dos pais deixar os filhos brincar com os aparelhos sem antes aconselhar-se com pediatras.

Quando era criança, o drama se referia ao tempo que passávamos diante da televisão – em vez de ir “brincar lá fora” como as crianças de antes, ou simplesmente fazer a lição de casa. Qual foi o resultado? Em minha geração talvez sejam mais frequentes problemas psicológicos e de sociabilização que eram raros no tempo de meus pais e avós. Mas também temos aptidões e conhecimentos que eram raros e difíceis nas gerações anteriores.

O que seria da nossa vida sem automóveis? Muito menos gente morreria no trânsito, seriamos menos sedentários, talvez enfartássemos menos. Mas não nos deslocaríamos com a mesma velocidade, as informações fluiriam com mais lentidão, a medicina teria se desenvolvido menos e as taxas de mortalidade por outros motivos seriam mais altas. O automóvel trouxe muitos novos perigos para a vida, mas no mundo dos automóveis morre-se menos que no das charretes.

Tecnologia é poder e facilidade, e estas duas coisas exigem sabedoria

Acidentes acontecem, mas o automóvel é muito mais perigoso nas mãos do motorista bêbado que do sóbrio. Nossas crianças têm cada vez mais problemas de obesidade, mas é melhor criar escolas e clubes onde sejam educados a fazer exercícios adequados do que fazendo-as andar a pé por horas, como ainda hoje acontece com milhões de crianças que vivem em lugares afastados e não têm carros.

Novas tecnologias sempre trazem novos riscos para as pessoas. Tecnologia é poder e facilidade, e estas duas coisas exigem sabedoria. Um ser humano cada vez mais poderoso e com uma vida mais fácil precisa ser cada vez mais sábio para não cometer erros trágicos.

Não sabemos como será o futuro, que dramas e aptidões terão estes bebês que já se distraem diante de uma tela touch screen. O que podemos saber é que seu mundo será diferente do nosso e exigirá dele muito mais sabedoria para ser feliz.

Quanto mais a ciência e a técnica rompem as estruturas de nosso mundo tradicional, mais nossas crianças precisam de famílias em que possam aprender o sentido da vida num ambiente de amor e sabedoria, pois só onde há amor se descobre a sabedoria. Pediatras e psicólogos poderão dizer muitas coisas úteis sobre essas crianças, mas nada do que disserem será útil sem a sabedoria que nasce do amor.