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Genocídios

Nesta sexta-feira, 24 de abril, foi comemorado o primeiro centenário do genocídio do povo armênio, no qual morreram mais de 1 milhão de pessoas. Ao lembrar esta data, o mundo relembra (ou deveria estar lembrando) dos genocídios em curso no Oriente Médio e na África, onde grupos extremistas estão aniquilando cristãos, etnias minoritárias e até confrades moderados.

Para quem quiser conhecer este circo de horrores, sugiro ler e ver fotos do massacre de estudantes cristãos na Universidade de Garissa, no Quênia, que deixou 147 mortos e 79 feridos, em 2 de abril.

Ao longo do século 20, os genocídios nos mostraram que o mal permanece ao alcance de nosso coração. Europeus cultos e bem educados, comunistas tentando construir a utopia, cristãos ou muçulmanos corroídos por disputas quase tribais... Os autores de atrocidades se espalham por todos os lados, professam diferentes ideologias e religiões.

Mas talvez o mais impressionante seja a aparente impotência ou conivência da comunidade internacional diante dos massacres.

Somos como uma pequenina vila, onde todos sabem que o senhor X espanca sua mulher e seus filhos, enquanto o jovem Y estupra sua irmãzinha. Mas ninguém faz nada, porque tudo acontece na casa de X e Y, onde eles gozam de autonomia – ou porque habitam uma viela de má fama, onde as pessoas cultas e educadas até evitam ir.

A omissão de hoje é a causa da desgraça de amanhã

Na verdade, o problema é que alguns dos ricos ou dos valentões da vila defendem X ou Y, por interesses econômicos ou jogos de poder – e os demais têm medo de lançar a vila numa guerra por causa de uns meninos espancados ou de uma garotinha estuprada.

A comparação pode parecer bruta ou caricata, mas não é inadequada. Se fôssemos nós os habitantes da vila, o que faríamos? Difícil dizer, mais difícil ainda quando a vila é o mundo e somos poucos entre bilhões.

Para começar, já faremos alguma coisa se contribuirmos, com nosso voto, nossa ação ou nosso trabalho cotidiano, para diminuir o número de chacinas e mortes violentas que acontecem nas periferias de nossas cidades.

A Doutrina Social da Igreja tem observações interessantes sobre a “guerra justa”. Ela deve acontecer por necessária defesa das populações atacadas, depois que todas as possibilidades de resolução pacífica dos conflitos já se mostraram inviáveis e que os resultados da empreitada tenham razoável chance de êxito, sem que os prejuízos da guerra sejam ainda maiores que os males que tentava eliminar.

Não é fácil atender a todas estas condições, mas a história mostra que a omissão de hoje é a causa da desgraça de amanhã.

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