Cara leitora, caro leitor, seria bom escrever hoje sobre outro tema. Mas não dá...
Não é tanto porque o assunto está “na boca do povo”. É porque uma manifestação popular nacional pró-impeachment, se bem sucedida, aponta para a pior crise de legitimidade que uma democracia presidencialista pode enfrentar. E aí todos somos chamados a nos posicionar.
Creio que o espírito de todos nós, apoiemos ou não o impeachment da presidente Dilma, é não querer que “tudo acabe em pizza”. O problema é saber se o impeachment é a alternativa justa e adequada à pizza repartida entre os poderosos, enquanto contemplamos a cena pela vidraça, com olhos famintos de justiça.
Costuma-se dizer que o impeachment é um julgamento político. Forma eufêmica de dizer que o acusado será condenado ou absolvido em função de jogos de poder, e não pelas contravenções que realizou ou deixou de realizar.
O momento exige que nos arrisquemos claramente numa caminhada, pois quem ficar imóvel com certeza errará por omissão
Este é um mau começo para qualquer processo político. Não é verdade que os fins justificam os meios, pois os meios empregados sempre contaminam os resultados obtidos. Por mais tortuosos que sejam os caminhos, o bem comum não será alcançado sem um ideal de justiça e solidariedade que ilumine a caminhada.
Neste processo, não podemos nos deixar levar por demagogias ilusórias, nem desconfiar de tudo e de todos, não nos engajando num movimento de construção de uma alternativa. O momento exige que nos arrisquemos claramente numa caminhada, pois quem ficar imóvel com certeza errará por omissão.
Se o povo não se manifestar, não exigir gestos responsáveis e respostas adequadas do governo, será muito mais fácil as coisas terminarem em pizza. Mas não é verdade que as manifestações serão bem sucedidas se houver um impeachment. O que a população quer e precisa é que se faça justiça e se retome o desenvolvimento social e econômico.
Para isso, não basta haver manifestações e protestos – eles são necessários, mas não suficientes. É preciso um diálogo no qual identifiquemos as propostas e as pessoas realmente comprometidas com o bem comum. Tais propostas e pessoas existem, estão espalhadas, talvez não na mesma proporção, em vários grupos e partidos. O importante é descobri-los e iniciar um processo conjunto de superação das dificuldades e erros cometidos.
Cara leitora, caro leitor, espero que nenhum de nós seja omisso neste momento. Que protestemos contra aquilo que está errado, defendamos o que está certo, busquemos com o diálogo descobrir e ajudar o país a trilhar os melhores caminhos para a construção do bem comum.
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