-O Galvão falou que vai ter mensagem ao mundo.
- Ai, lá vem.
- Não começa... Lindo o Rio visto de cima.
- Papel laminado?
- O efeito visual ficou muito legal. É gambiarra no sentido de fazer muito com pouco, você não escutou o cara explicando?
- Se tem de explicar…
- Muito legal esse telão no chão!
- Por que tem formato de uma paca?
- Disseram que é a forma de um jardim do Burle Marx.
- Se tem de explicar… Vou no banheiro, já volto.
- O que perdi?
- Começaram mostrando o surgimento da vida, com bactérias, depois umas criaturas, daí veio a natureza mesmo. Olha que efeito bacana desses elásticos formando ocas.
- Ah, os “malvados” portugueses cortando o nosso amado verde…
- Mas fizeram isso mesmo.
- Preferia viver no meio do mato?
- Não disse isso, é a história, não começa.
- HEIN? Árabes? Por que árabes para representar imigrantes?
- Sei lá, mas tá bonito.
- Japoneses, tudo bem, mas árabes? Não dá para comparar a influência deles com a de italianos, por exemplo. Isso aí parece mais outra coisa...
- Impressionante a geometrização da terra.
- Se o Galvão não falasse você ia perceber?
- Hum, acho que não.
- Se precisa explicar...
- Quieto, olha que máximo as cidades surgindo, muito bem-feito!
- Verdade, mas por que essa turma fica pulando de prédio em prédio?
- É arte, Tito, não enche!
- Ah, entendi...
“Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci”
- Tava demorando… Saímos do campo para favelas. Uma ode à favelização. Bela mensagem…
- Quieto, é hora da Gisele, olha que linda! E com esses traços do Niemeyer, ficou top!
- Se o Galvão não falasse você saberia o que eram esses rabiscos?
- Não enche!
- Se precisa explicar...
- Vai pegar mais pipoca, por favor.
- O que perdi?
- Nada.
- Como nada? Por que tem um homem jogando capoeira sozinho e essas duas cantando esse treco… São mulheres, né?
- Sim.
- O Galvão não explicou?
- Afirmação do poder da mulher.
- HEIN? Hahaha, e colocam um homem jogando capoeira? Hahaha
- Fica quieto, não consegui escutar o Galvão explicando o que é agora.
- Ele falou de competição, folclore… VIXE! Viu ali? Surgiu um “punho cerrado” comunista no meio da favela. Que palhaçada!
- Ah, nem mostraram direito. Por que você não pode apreciar a beleza do espetáculo, hein?
- Meu Deus, Regina Casé! Vou pegar o celular, ver o que estão falando no twitter. Agora esculhambou!
- O que é isso?
- A mensagem.
- Assim? Estão passando um documentário sobre aquecimento global? Sério? Tipo Globo Repórter? Hahaha, só falta aparecer o Roberto Carlos com uma pena no cabelo cantando “Aaaamazônia, PULMÃO do mundo!”
- Essa parte tá chata mesmo.
- Olha, é o Caetano e Gil!
- Senti falta do Roberto Carlos.
- Chato.
- Ah, as baterias de escola de samba. Será que farão um protesto contra a poluição sonora?
- O que é esse caldeirãozinho aí voando?
- A pira.
- A pira?
- É, a pira olímpica.
- Credo, que chinfrim. Por que assim?
- Disseram que é pequena para não causar estrago no meio ambiente, não entendi direito.
- Hahaha, então deviam ter feito em formato de cigarro eletrônico! Ou em forma de cano de escape e o fogo simbolizado por papel celofane! Combinaria com a gambiarra do começo. Hahaha, que gente! Ideologizaram até a pira!
- Eu achei tudo muito lindo. Não fizemos feio, foi bem emocionante.
- Bom, para quem esperava passar vergonha, até que foi mesmo. Mas será que se tivéssemos assistido no estádio, ou sem narração, teríamos entendido?
- Hum, não sei. Acho que sem explicação ficaria difícil.
- Se precisa explicar...