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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

Os equatorianos estão na rua para se opor ao projeto monárquico de Rafael Correa, bieleito e, em egolatria a Chávez, manobrando para ser chefe vitalício do Estado. Cambiando os nomes, essa informação se torna atemporal. Reiteração farsesca de eventos semelhantes lá e nos vizinhos, onde as revoluções armadas (rectius, golpes de Estado) perderam élã e os caudilhos adotaram vias eleitorais para alçar governo.

As guerrilhas molotov-kalashnikov saíram da moda, com barbudos sem banho reduzidos à pantomima democraticida das Farc na Colômbia. Agora, mocinhas em explosão hormonal preferem a silhueta de Antonio Banderas à de Ernesto Guevara. Mind guerrilla se tornou o modo politicamente correto e a ingenuidade militante de John Lennon ganhou um tento. Pronto, o Santo Graal do populismo foi encontrado. Viver para sempre sendo o mesmo, parecendo diferente.

Socialismo moreno, do século 21, bolivariano, da teologia libertadora, indígena. Substantivo oco com adjetivos gasosos

El bonitón, doutor em Economia, com passagens por universidades norte-americanas e europeias, veio como rei-filósofo de Platão para salvar a pátria dos biltres semialfabetizados que a exploravam para proveito pessoal, como hacienda de latifundiário. Fizeram do Equador um país-piada pronta que nem sequer moeda nacional tinha, tamanha a desorganização econômica decorrente da barafunda política. Isso, diga-se, sendo um poço de petróleo com soberania, tamanha a abundância.

Rafael Correa é apenas mais um na linhagem dos mantenedores do statu quo da sina de incompetência da América Católica, incapaz de se levantar pelos próprios cabelos da areia movediça da renitência de admitir que não há milagre, que inexiste multiplicação de pão se não houver trigo em abundância, máquinas modernas, padeiros qualificados. Capital, tecnologia, gente produtiva.

Os veículos de comunicação foram satanizados como adversários da “revolução cidadã” capitaneada por Correa. Jornalista é profissão em extinção no Equador. Se a mídia é a mensagem (com a vênia de McLuhan), basta calar o mensageiro para que os fatos desagradáveis aos poderosos deixem de existir. Porém, decorridos meses, anos, a realidade retorna triunfante. Afastada com passes de mágica de circo, volta para cobrar o preço da ilusão.

Socialismo moreno, do século 21, bolivariano, da teologia libertadora, indígena. Substantivo oco com adjetivos gasosos. Por essas plagas, o capitalismo seria revolucionário. Ocorre, ele nunca virá pelas armas porque exige estabilidade política e jurídica incompatível com quarteladas e paredón. Paradoxalmente, também não medra onde há estabilidade em demasia, resultante da paralisia social da economia planificada, a exemplo das quase seis décadas de Cuba. Não é o capitalismo que fez a indigência política da América Latina; é a falta dele.

O populismo de Correa e afins faz a indulgência para com as próprias responsabilidades e atribui a entes quiméricos os resultados nefastos de sua própria incompetência política.

A multinacional imaginada por Che seria frutuosa se destinada a gerar riqueza conectando capital e trabalho, algo feito com maestria por Steve Jobs. Qual dos dois revolucionou o mundo? O bilhão de pessoas que têm iPhone no bolso respondem a essa indagação.

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