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Giro de opinião

A caríssima conta do MEC

 | Wiennat Mongkulmann/Free Images
(Foto: Wiennat Mongkulmann/Free Images)

Os programas do MEC custam muito caro, em amplo sentido. Primeiro, literalmente, já que bilhões escoam do bolso dos contribuintes todos os anos para financiar esses projetos. Só para situar o tamanho do problema, o Brasil é um dos países do mundo que mais gasta com educação, de acordo com a OCDE. Segundo, pelos resultados, que, em vez de salvarem o ensino brasileiro do atual estado de calamidade, precipitaram-no no buraco da inaptidão. Quer dizer, todo esse dinheiro está sendo dispendido, sabe-se lá onde, para ainda termos escolas mal equipadas, para continuarmos entre as últimas posições do ranking mundial de educação, para que mais de 50% dos nossos universitários sejam analfabetos funcionais, para que as escolas moldem as crenças e o comportamento de jovens e crianças segundo uma agenda específica, todos sabemos muito bem qual, não raro, contrariando os valores das famílias. Deseducação, também em amplo sentido, acaba por ser o desfecho para muitos brasileiros após 11 anos (aumentados recentemente para 13) de ensino formal obrigatório. João Batista Araujo e Oliveira comenta a tentativa do novo ministro da educação, José Mendonça Bezerra Filho, de corrigir algumas das falhas dos programas do MEC, sobretudo no Ensino Médio. Há muito chão pela frente, ministro.

Construtivismo: o método pedagógico mais amado do Brasil!

Debite-se na conta da pedagogia construtivista, ou melhor, das pedagogias construtivistas (porque não há consenso sobre o método) boa parcela do fracasso nacional em educação, já que são amplamente adotadas nas escolas brasileiras, ou pelo menos inspiram o projeto pedagógico de várias delas. O cerne dessa pedagogia é que o ensino deve partir do interesse do aluno, que o processo educacional não deve ser impositivo, e, acrescentando um pouco de Paulo Freire, que o mais importante não é a aquisição de informações, mas o exercício do raciocínio crítico. Há uma grande chance de que, ao conversar com um pedagogo, serão esses postulados pedagógicos que ele irá defender. À primeira vista, pode parecer uma proposta interessante, que incentiva a autonomia. Mas, após décadas sendo adotado, o construtivismo deixou um saldo enorme de analfabetos funcionais, que precisamente não exercitam o raciocínio crítico porque lhes falta conteúdo para isso. Luiz Faria, doutor em educação e pesquisador da ciência cognitiva da leitura, explica em maiores detalhes o que é o construtivismo e as razões inequívocas de seu fracasso.

Uma honrosa exceção

É claro que, a despeito do panorama geral da educação brasileira, haverá aqui e ali exemplos que – graças ao bom Deus – contrariam a regra. O professor Carlos Nadalim é um deles. Não se limitou a reformular todo o projeto pedagógico da escola que passou a gerir, mas teve a iniciativa de compartilhar com pais e professores o que sabia sobre educação de crianças. Seu método distancia-se das pedagogias da moda e dá lugar às práticas que possuem respaldo científico. Hoje, ele concorre ao Prêmio de Educação Darcy Ribeiro. Paulo Briguet conta um pouco mais sobre o trabalho de Carlos. Iniciativas como a desse professor têm o poder de dar início a transformações significativas no estado de coisas do ensino no Brasil.

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