O pacote de reformas para o ensino médio caiu no colo dos brasileiros repentinamente e por isso despertou um bombardeio de críticas. Há quem aprove certas mudanças e reprove outras, mas, de um modo geral, prepondera o consenso de que nosso modelo de ensino é obsoleto. Porém há uma parcela dos críticos que está insatisfeita com o coração da reforma: a liberdade que se está concedendo aos jovens para que direcionem seus estudos numa determinada área, de modo a reduzir a carga de matérias atual. Os resultados da educação brasileira (últimas colocações no PISA, analfabetismo funcional de quase metade dos universitários, baixo nível de produtividade dos profissionais, quase desaparecimento de uma cultura superior pujante), da escola à universidade, deveriam ser argumento bastante para evidenciar que não adianta insistir no mesmo modelo. Já está suficientemente comprovado que quantidade não é qualidade. O irônico é que tal crítica parte, em muitos casos, daquela mentalidade estatista, intervencionista, a mesma que está repudiando o governo Temer – e que ignorou completamente o fato de que essa reforma era proposta de campanha de Dilma. Thaís Gualberto nota essas incongruências e dá seu parecer sobre a MP do ensino médio.
Aprofundando as críticas à reforma do ensino médio
MP ou PL? Excluir ou não matérias da grade escolar? Aumentar ou não a carga horária? São todas questões importantes que estão sendo debatidas agora por conta da reforma do ensino médio. No entanto, a oportunidade de discutir o que é educação e para que ela serve não está sendo aproveitada. Para começar a tratar dessa questão, é preciso diferenciar educação de ensino. Ensino formal, quando bom, forma profissionais capacitados. Já educação (ex ducere, que conduz para fora) atende ao desejo mais genuíno de conhecer, de modo a libertar o homem das limitações de seu horizonte de consciência e conectá-lo ao universo da cultura. Educação forma a elite intelectual do país, e depende sobretudo do interesse do próprio estudante, e não da compulsoriedade do ensino. Ícaro de Carvalho, João Luiz Mauad (seu comentário já foi citado aqui na coluna) e Bruno Garschagen falam sobre educação e suas premissas neste texto, que ainda traz um vídeo do professor José Monir Nasser comentando a falência do ensino brasileiro.
Explicando o construtivismo
Em matéria de educação, não há consenso sobre o que vem a ser a pedagogia construtivista. Mas os construtivismos têm traços em comum: um jeito de entender o ensino como ferramenta de transformação para uma sociedade mais “justa”, “igualitária” e quantos adjetivos a mais caírem bem no vocabulário politicamente correto. Quando o tema é alfabetização, na contramão de todas as pesquisas de ciência cognitiva da leitura, seguem a abordagem conhecida como whole language. O professor Luiz Faria explica alguns pormenores do construtivismo.
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