Separação é uma palavra que, entre nós, tem, além de outros, um significado muito especial. É o da separação dos matrimoniados, dos humanos casais, algum tempo não muito longo, depois do ato conjugal. Parece-nos, até mesmo, que o acontecimento está se tornando cada vez mais frequente.
Por que isso, tão lamentável que é, vem acontecendo? Um fenômeno que, lamentavelmente, produz a ideia de que o casamento está fracassando, fracasso esse que ameaça a instituição da família, essa que é o sustentáculo da sociedade humana. E onde ficam os juramentos solenes feitos na hora do casamento? Prenunciados pelo sacerdote e perante um grande número de testemunhas?
Perdoem-me os leitores. Assumo a ousadia de tentar uma explicação, baseada numa conclusão que já deve ter sido de outros pensadores. É a carência do amor e o egoísmo dos participantes. O desuso do maior bem que existe e a glória de um grande mal que é o orgulho. O acontecimento poderá ter uma explicação (é o que tentaremos). Mas, se não merecer uma prevenção, não terá remédio.
Salve o amor! Esse bem supremo que é a congregação de todas as virtudes. De todas mesmo, para ser o verdadeiro amor. Não pode faltar nenhuma, embora numerosas. Eu colecionei dezoito (bem-querer, fidelidade, carinho, compaixão, zelo, bondade, renúncia, sinceridade, humildade, tolerância, doação, perdão, paciência, servidão, caridade, sacrifício, prodigalidade, empatia), admitindo a existência de outras mais.
Eis aí! Na pobreza e carência de virtudes, da parte dos cônjuges, está a razão das separações. Precariamente, nesse caso, a separação é um paliativo. Evita uma convivência que é uma fonte de pecados, cada vez mais frequentes, tais como a intolerância, a condenação, o ódio.
Tem, isso tudo, remédio e cura?
Acredito ser difícil porque não teve uma profilaxia. Profilaxia que é a busca e aquisição das virtudes carentes, antes do matrimônio.
As virtudes, embora compatíveis, variam em poder e qualidade. Analisemos, dentro do que nos é possível, algumas delas.
O perdão. O perdão é, talvez, a mais abrangente e necessária virtude. Nós, seres humanos, somos, verdadeiramente, pecadores. Estamos, voluntária e involuntariamente errando e pecando. O Filho de Deus chamou nossa atenção a esse respeito, asseverando que se não soubermos perdoar não seremos também perdoados.
A fidelidade. A fidelidade exige o máximo que é exigido e condena, sem perdoar, a infidelidade conjugal. Ai está a mais frequente causa de separação. Sim. É a prova cabal e irreparável do não reconhecimento das virtudes do cônjuge.
A empatia. É a capacidade de uma pessoa viver a intimidade da outra. É como "adivinhar" e fazer aquilo que pode felicitar o ser amado. É grande prova de amor.
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Ruy Miranda, da Academia Paranaense de Letras.
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