Existem duas penas de morte: uma é aplicada pelo Estado; a outra, pelos bandidos. Sou contra ambas. Ocorre que, quando os adoradores do Estado passam a defender os bandidos, temos o pior dos mundos. É a situação do Brasil hoje. Às vítimas não é dado sequer o direito de reclamar.
Se há alguma coisa que as classes falantes brasileiras não toleram é ouvir um conservador, liberal ou religioso exercendo a liberdade de expressão. Por menor que seja, a voz discordante logo se vê acuada pela polícia do pensamento. O bombardeio de adjetivos é imediato: "golpista", "fascista", "reacionário", "burguês", "homofóbico", "racista", "medieval", "inimigo do povo".
Há um esforço coletivo para transformar a opinião divergente em crime. O último estágio desse processo pôde ser visto nas sociedades comunistas, nas quais os supostos adversários do regime eram destituídos de seu caráter humano. Em nome da revolução, a polícia do pensamento decretou a pena de morte para mais de 100 milhões. Afinal, eram "inimigos do povo"...
Uma das artimanhas mais comuns da esquerda contemporânea consiste em dividir a sociedade em grupos e semear o ódio entre eles. É a velha estratégia do "dividir para reinar". Esse maquiavelismo requentado por Gramsci vive sendo aplicado em nosso país. Enquanto evangélicos e gays estão brigando por causa de Marco Feliciano, José Genoino e José Dirceu respiram aliviados e satisfeitos com o desvio dos holofotes.
As classes falantes brasileiras atacam os jornais, atacam as tevês, atacam as igrejas, atacam o Ministério Público, atacam o Supremo Tribunal Federal. Atacam todos aqueles que oferecem alguma resistência. Na semana passada, Tarso Genro disse que 80% dos programas de tevê deveriam ser retirados do ar. Se isso não for apologia da censura, Lula é Aristóteles. Pior: ao mencionar a cifra de 80%, o governador petista dá a entender que uma censura mais branda seria aceitável. Não venha com a estratégia do bode russo, sr. Genro! Uma sociedade democrática não deve permitir nenhuma interferência estatal na liberdade de expressão. O governo existe para garantir a liberdade, não para exterminá-la.
Por falar em extermínio, o estudante Victor Hugo Deppman, 19 anos, foi morto durante assalto em São Paulo. O autor do crime completou 18 anos dois dias depois. Em breve, estará livre. Mas nós não podemos reclamar de impunidade, ou seremos chamados de "reacionários", "fascistas" e "inimigos do povo". Meus queridos sete leitores, escrevam o que estou dizendo: chegará um dia em que precisaremos pedir desculpas até para morrer.