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Neste Natal, 9 milhões de brasileiros estão sem emprego. Milhares de pais de família receberam a notícia nos últimos dias do ano e começam 2016 na angustiante procura por um trabalho. A maioria absoluta das demissões ocorreu como efeito direto da destruição da economia nacional, planejada e realizada pelo partido governante. O Estado brasileiro tornou-se um rei Midas às avessas: tudo que ele toca vira pó. Assim chegamos ao dia 25 de dezembro, cansados e melancólicos.

Hoje é o Natal dos desempregados, dos endividados, dos esquecidos, dos humilhados, dos enganados. Mas aqui devemos lembrar um fato importante: o Natal de verdade é este. Não é um Natal de fartura, de prazer, de ostentação, de luxo. O Natal de verdade é celebrado em um estábulo, no lugar em que os animais buscam refúgio durante a noite.

José e Maria foram a Belém para atender a uma ordem do Estado romano, que realizava um censo entre as populações dominadas da Galileia e da Judeia. Da mesma forma, o Estado moderno exige o cumprimento de inúmeras obrigações e sacrifícios por parte das pessoas comuns. Até o quinto mês do ano, trabalhamos para sustentar a imensa máquina do governo, que entrega serviços públicos de baixa qualidade e ainda permite a corrupção em níveis jamais vistos na história do país. O César agora tem outro nome, mas é igualmente perverso.

O Natal de verdade não é de fartura, de prazer, de ostentação, de luxo. O Natal de verdade é celebrado em um estábulo

O casal da Sagrada Família precisou deixar Nazaré para cumprir uma exigência do imperador Augusto, um dos homens mais poderosos de todos os tempos. Seria muito melhor para a jovem Maria ter ficado em casa e dar à luz entre os seus. Imagino também que José ganharia muito mais se ficasse trabalhando na sua oficina de marcenaria, enquanto não era chegada a hora do Menino. Mas eles eram justos, eram gente simples e correta, não questionaram as ordens oficiais. Mesmo assim, não receberam atenção alguma. Todas as hospedarias estavam lotadas e não havia lugar para eles nas residências. Quantas portas se fecharam ao nascimento do Messias? Quantas portas se fecham até hoje – quem sabe, as portas de nossa própria casa?

E, no entanto, o Menino nasceu. Nasceu para unificar as duas árvores: a do conhecimento do bem e do mal, que ficava no centro do Paraíso, e a cruz, que ficou no cume do Calvário. A árvore do fruto proibido e a árvore que sangra enfim se encontram no nascimento daquela criança. A diferença é que o homem deveria ter ficado longe da primeira árvore – e agora só terá esperança se ficar ao pé da árvore última, cujo fruto é o Salvador. Mais tarde, após os 30 anos, ele nos ensinaria a fazer três pedidos em nossa oração: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje (presente) / Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido (passado) / E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal (futuro)”. Vamos comer o pão do presente, vamos perdoar os erros do passado, vamos evitar o mal no futuro.

Por isso, não se entristeça por estar sem emprego, por estar com dívidas, por se sentir enganado e humilhado. Deixe que o Menino nasça hoje em sua casa, em sua vida, em seu coração. Quando achar que a sua dor é injusta, lembre-se de que o verdadeiro Imperador nasceu em um estábulo. E que não havia um lugar para a Rainha na sala.

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