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Paulo Briguet

Viva a mentira

Uma das principais características da cultura socialista é a mentira obrigatória. Não há exceção para essa regra. União Soviética, China, Alemanha nazista, Itália fascista, Leste Europeu, Cuba, Coreia do Norte – onde quer que a revolução socialista ou nacional-socialista triunfe, a população passa a ser obrigada não apenas a mentir, mas também a aplaudir as mentiras oficiais.

Se retirássemos todas as inverdades e falsidades dos discursos de Lenin, Goebbels, Mao e Fidel Castro, não restariam senão algumas folhas de sulfite. Sob o socialismo, a própria identidade dos países é falsa, como restou provado nos casos da URSS, Tchecoslováquia e Iugoslávia – e um dia, se Deus quiser, também será visto na China.

Esse culto à mentira explica a obsessão da esquerda em censurar o jornalismo e a cultura – especialmente o jornalismo de opinião e a alta cultura. No altar revolucionário, a mentira é um deus a ser incensado e protegido.

Ao mesmo tempo, os socialistas despendem um enorme esforço para criar uma cultura e um jornalismo "alternativos". É daí que nascem os incensados expoentes do atual deserto mental brasileiro.

Trabalhei muitos anos como repórter e editor de cultura. Conheço bem certos gêneros de música. E lamento que tantas vezes eles façam apologia do crime; glamourização da violência; discurso ideológico rasteiro; incitação ao ódio entre classes e ao conflito racial; combate aos valores cristãos; guerra à família. Mesmo quando transformados em celebridades, artistas dos mais radicais posam de vítimas e pregam a destruição de um sistema que lhes dá fama e dinheiro. Difícil conceber uma hipocrisia maior.

Apesar das restrições que faço aos artistas-militantes, não os considero lixos humanos. Até para eles existe esperança de salvação. Se estudarem bastante, quem sabe daqui a alguns anos consigam produzir um poema ou uma canção passável...

Sobre a comparação entre o navio negreiro e o camburão, feita por um desses poetastros revolucionários, faltou esclarecer o seguinte. O navio negreiro – sempre, em todos os casos – é uma coisa abominável. Já o camburão, embora triste, pode ser um instrumento da lei e da justiça. Comparar o navio negreiro ao camburão constitui uma ofensa tanto aos escravos do passado quanto aos policiais do presente (na sua maioria, vale lembrar, negros). O camburão muitas vezes é um daqueles males que vêm para bem; o navio negreiro é o mal que só vem para o mal. Coincidentemente, essa é a mesma diferença que existe entre a economia de mercado e o socialismo.

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