Praticamente não há divergência quanto à definição de que a maior prioridade nacional é o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que deve ser adotada por qualquer facção política que venha a governar o Brasil. Esse assunto tem sido exposto neste espaço e faz parte da agenda de propostas explicitadas pelas mais variadas entidades representativas dos setores produtivos, dos empresários e dos trabalhadores. Entretanto, há outro aspecto de alta importância para o crescimento econômico e para a melhoria do padrão de bem-estar social da população, que é a diversificação da economia brasileira.
O tema da diversificação da matriz produtiva do país está relegado a segundo plano nos debates públicos dos últimos anos. Vale lembrar que os economistas examinam a economia olhando separadamente três grandes setores: o setor primário (agricultura, pecuária, vegetal e mineral), o setor secundário (indústria de transformação em geral) e o setor terciário (comércio e demais serviços, tais como saúde, educação, turismo, lazer, telecomunicações e a enorme gama de serviços pessoais). Essa separação ajuda a compreender a diversificação, que pode ser olhada sob vários aspectos, com destaque para alguns já conhecidos.
Quando superar sua crise, os temas econômicos relevantes para o desenvolvimento nacional devem voltar ao palco das discussões
Há muito se fala que o Brasil deve ter como meta a transformação das matérias-primas agropecuárias aqui dentro, a fim de deixar de ser eterno exportador de produtos primários e passar a industrializá-los, tanto para aumentar o PIB quanto para gerar renda e emprego dentro do país. Nada há que reparar nessa afirmação, porém, cabe considerar alguns aspectos. Assim como a agricultura, a indústria de transformação brasileira vem passando por acentuado processo de automação e inovação tecnológica, fazendo que a geração de emprego por unidade de capital investido se torne cada vez menor.
Em palavras simples, a agricultura e a indústria crescem sem gerar empregos na proporção dos investimentos realizados, o que se convencionou chamar de “produção sem gente”, fato que eleva o produto por hora de trabalho e a renda per capita, mas, por outro lado, deixa a desejar em contribuição à diminuição do desemprego e à redução da desigualdade de renda. A economia brasileira precisa diversificar seu sistema produtivo dentro do mesmo setor, e um bom exemplo está na indústria de transformação que, ao automatizar-se, depende de importação das máquinas e equipamentos usados em suas fábricas. Assim, é desejável que o país desenvolva sua própria indústria produtora de máquinas e equipamentos para o setor industrial, para reduzir a dependência de importações de bens de capital e expandir a indústria como um todo.
O mesmo raciocínio vale para o grande setor de serviços, cuja diversificação tem o poder de alavancar diversos subsetores em torno de si mesmo. O segmento da saúde é um dos que, ao se desenvolver, faz crescer também toda uma indústria de equipamentos, laboratórios e medicamentos, além de uma diversidade de bens e serviços de apoio.
Outro exemplo relevante está no subsetor de turismo que, ao crescer, puxa consigo os subsetores de transportes, hotelaria, lazer, cultura, arte, telecomunicações e muitos outros. E é justamente no subsetor de turismo que reside um dos maiores, senão o maior, exemplo do atraso brasileiro.
Mesmo sendo um dos maiores países do mundo em território e com imensas belezas naturais, o Brasil tem uma economia medíocre e desempenho fraquíssimo na atração de turistas do mundo inteiro.
Quando superar sua crise política e jurídico-moral, os temas econômicos relevantes para o desenvolvimento nacional devem voltar ao palco das discussões positivas, e um desses temas é como fazer para a diversificação da economia.
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