O padrão de bem-estar médio de um povo depende diretamente do tamanho da produção nacional de bens e serviços finais, cuja medida é o Produto Interno Bruto (PIB). A palavra “finais” aparece na definição porque o produto à disposição da população é o conjunto de bens e serviços de consumo e os bens de produção destinados a aumentar o capital físico nacional, e os bens e serviços não finais – chamados de “intermediários”, a exemplo do sal comprado por uma padaria para compor o pão – têm seu valor econômico incluído nos bens finais oferecidos ao consumo humano ou incorporados à infraestrutura física, infraestrutura empresarial e infraestrutura social, que uma vez somadas dão o capital físico total.
Tomando-se o total do PIB e dividindo pela população tem-se o produto per capita, isto é, o total de produto por habitante – que, no Brasil, anda na faixa dos US$ 11 mil/ano; nos Estados Unidos, pela mesma metodologia de medição, é de algo em torno de US$ 50 mil/ano. Estima-se que, para atingir nível de bem-estar social médio no padrão de país desenvolvido e superar a pobreza, o produto por habitante deve ser em torno de US$ 25 mil/ano. A única forma de o Brasil atingir essa cifra nas próximas duas décadas é o PIB crescer à média de 5% ao ano, enquanto a população cresce 0,8%. Esse crescimento da economia deveria ser uma das mais importantes metas de todos os governos nacionais, pois qualquer melhoria do padrão de vida somente é possível se o PIB crescer mais que a população.
Os países que estão na categoria de “desenvolvidos” são sociedades livres
O principal desafio econômico do país, seja qual for o partido no poder, é o crescimento do PIB, sem o que não será possível sair do clube dos pobres e superar as enormes carências sociais vigentes atualmente. Há correntes de economistas e pensadores sociais que afirmam ser o crescimento do PIB a única meta que importa, pois acreditam que, se o país tiver êxito em fazer o PIB crescer todos os anos a taxas superiores ao crescimento da população, tudo o mais virá atrás, inclusive o desenvolvimento social nas áreas de saúde, educação, habitação e redução das desigualdades de renda.
Os defensores dessa linha de pensamento apresentam como prova os países que chegaram ao produto por habitante igual ou superior a US$ 25 mil/ano, nos quais o padrão de vida cresceu, a pobreza foi superada e a desigualdade de renda não é fonte de convulsões sociais, pois mesmo os que ganham na faixa mais baixa de salários têm um padrão de vida digno e desfrutam de serviços públicos de boa qualidade. Por coincidência, os países que estão na categoria de “desenvolvidos” são sociedades livres, com liberdades individuais, a garantia do direito de propriedade, economia de mercado, respeito aos contratos juridicamente perfeitos e estabilidade da moeda. Embora não sejam nações imunes a crises eventuais, esses países têm estrutura social distante da fome e da miséria, além de conseguirem oferecer à população serviços coletivos compatíveis com a vida digna.
No passado, estabeleceu-se um debate irracional no Brasil envolvendo suposta declaração feita pelo ex-ministro Delfim Netto: ele teria dito que primeiro é preciso fazer o produto crescer para depois distribuir. Economistas de oposição ao governo assacaram críticas ácidas e persistentes, dizendo que era uma declaração a favor da concentração de renda e contra os pobres. Em um ponto o ex-ministro tinha razão: o país somente vencerá a pobreza se o produto crescer mais que o crescimento da população; quanto a isso não há dúvida e não é uma questão ideológica, é apenas lógica matemática.
A questão essencial é que o aumento do PIB depende diretamente do aumento do capital físico. Para isso, é necessário elevar os investimentos; e quem faz investimentos são o governo e as empresas. Se o governo nada investir e distribuir toda a arrecadação tributária em serviços, e as empresas doarem o total de seus lucros aos empregados, não haverá investimento e o PIB não crescerá. Trata-se de uma escolha crucial para um país, e o desafio é achar o equilíbrio entre objetivos conflitantes. Assim, não resta dúvida quanto a esta meta: o PIB tem de crescer, e para isso os investimentos têm de aumentar.
Considerando que a maior parte da infraestrutura física é estatal e que o setor público está com as contas estouradas, o plano recém-anunciado pelo governo para atrair capitais privados nacionais e estrangeiros nas obras de infraestrutura é importante e urgente. Cabe à sociedade cobrar para que esse não seja mais um daqueles planos anunciados com estardalhaço e depois engavetados por culpa da ineficiência e da inércia do próprio governo.
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