A CPI do Grampo instalada na Assembléia Legislativa do Paraná protagonizou ontem o impensável vexame de não conseguir quórum para ouvir o principal envolvido no objeto das investigações que deu origem à sua instituição o policial Délcio Augusto Rasera. Convocado para depor, o ex-assessor do Palácio Iguaçu, preso pela PIC sob acusação de chefiar uma quadrilha de escutas telefônicas ilegais, compareceu no horário previsto. Mas dos sete membros de que deveria se formar a CPI, apenas três estavam presentes para tomar o depoimento prova da absoluta falta de seriedade e de respeito ao interesse público com que o Legislativo se comporta em relação a assunto de tamanha gravidade. Frise-se que das sete vagas da comissão, três seriam destinadas à oposição, que decidiu não participar por não concordar com os rumos propostos para as investigações. A manipulação política que permeou a criação da CPI, propositalmente destinada a desviá-la de seus objetivos, a criar embaraços à ação da Justiça e a proteger alguns supostos envolvidos nas ilegalidades, chegou ontem ao paroxismo da irresponsabilidade. Para quem ainda pudesse ter alguma dúvida, nada mais resta agora do que concluir que tudo não passa mesmo de uma grande pantomima.
Editorial 2
Pantomima
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