Moda autoral
“Socorro”: marca curitibana H-AL lança vestuário inspirado em canção de Alice Ruiz
Poema-canção “Socorro”, de Alice Ruiz, vira vestuário pelas mãos da equipe H-AL, de Curitiba.
“Socorro, eu não estou sentindo nada”, diz o primeiro verso do poema-canção da artista curitibana Alice Ruiz. Criada em 1986, a obra, que já foi do papel à rádio, agora ganha um novo formato: as tramas das produções da marca autoral H-AL.
Os versos do poema foram bordados pelas mãos de Alexandre Linhares e Thifany F., artistas têxteis à frente da curitibana H-AL. Entre as peças disponíveis estão um colete com traços de alfaiataria, uma camiseta, bem como uma jaqueta corta-vento no tecido vitra, cuja textura se assemelha ao papel. “A gente trabalha a roupa como um suporte. Para transcrever trechos de ‘Socorro’, pensamos nas peças como páginas de livro. Por vezes, a escrita preta sobre a página branca. Em outras, o contrário”, contam os artistas.
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Há também a possibilidade de encomendar peças personalizadas. Isso porque toda a produção é feita em pequena escala, de forma artesanal, e com tecidos reaproveitados de outras produções. O tule das peças da linha “Socorro”, por exemplo, é originário de vestidos de noiva. Isto é o que chamamos de upcycling, reaproveitamento criativo de materiais que faz parte dos pilares da H-AL.
"Socorro" de Alice Ruiz
“Socorro” foi escrito em 1986 e ganhou projeção nacional pela voz de artistas como Cássia Eller (1994), Gal Costa (2002) e Rogéria Holtz (2008). Agora, ao ser revisitado em plena pandemia mundial, os versos se renovam. “Quando começamos a costurar as jaquetas, o Alexandre chega com uma peça em que escreveu ‘socorro’ nas costas. Um pedido de socorro pelos dias que estamos vivendo”, comenta Thifany. “A Thifany amou a ideia e comentou que a coleção deveria ter esse nome, e que seria um sonho se a Alice fizesse um vídeo declamando ‘Socorro’ com uma peça com o poema escrito”, aponta Alexandre.
Para Alice Ruiz, a recontextualização de seu poema-canção ainda não tem sentido certo. “Eu realmente não sei sobre esse ‘novo significado’. O tempo que vai dizer”, comenta.
Desse pedido de socorro, surgiu a coleção. Transformada em vestuário, a poesia assume uma dimensão material de sua potência subjetiva: abraçar. “Nestas peças, além de virem impregnadas de sonhos, o poema fica aplicado quase que diretamente na pele”, comentam os artistas.
Poema-canção
Confira abaixo o poema-canção “Socorro” de Alice Ruiz, que é poeta, haicaísta, tradutora, bem como compositora curitibana.
Socorro! eu não estou sentindo nada
nem medo, nem calor, nem fogo
não vai dar mais pra chorar
nem pra rirSocorro! alguma alma, mesmo que penada
me empreste suas penas
já não sinto amor nem dor
já não sinto nadaSocorro! alguém me dê um coração
que esse já não bate nem apanha
por favor, uma emoção pequena
qualquer coisa que se sinta
tem tantos sentimentos
deve ter algum que sirvaSocorro! alguma rua que me dê sentido
em qualquer cruzamento,
acostamento, encruzilhada,
Socorro! eu já não sinto nada
Serviço:
H-AL – Alexandre Linhares e Thifany F.
Rua São Francisco, 179, Curitiba, mas também pelo site (clique aqui).
(41) 98826-2375
Rua São Francisco, 179, Curitiba, mas também pelo site (clique aqui).
(41) 98826-2375
