Além de matar duas pessoas, acidente deixou os dois veículos destruídos em 2009| Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná

Se na esfera criminal o julgamento do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho demorou mais de oito anos e nove meses para ocorrer, uma ação de indenização contra ele também se arrasta na Justiça. Ajuizado pela família Yared – de uma das vítimas que morreu no acidente –, o processo teve apenas duas movimentações. A última delas foi uma perícia, realizada em outubro do ano passado e cujo laudo sequer ficou pronto. Por causa da demora, o advogado da família Yared formalizou uma reclamação à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).

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A ação tramita na 20.ª Vara Cível de Curitiba desde 29 de março de 2012: quase cinco anos atrás. O processo tem como alvos o próprio Carli Filho; a empresa Guarapuava Diesel – a quem pertencia o Passat que ele dirigia no acidente; os sócios da empresa – que são o pai do ex-deputado, Fernando Ribas Carli, e Roberto César Ribas; além da mãe de Carli Filho, Ana Rita Slaviero Guimarães.

A última movimentação do processo ocorreu quando a juíza Mayra Rocco Stainsack determinou que se fizesse uma nova perícia no local do acidente. O novo exame pericial foi realizado em 10 de outubro de 2017, oito anos e meio depois da colisão que matou Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida.

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ANÁLISE:Caso Carli Filho ainda vai se arrastar na Justiça por anos, antes de um desfecho

Cada um dos dois peritos designados para o trabalho recebeu R$ 40 mil, a título de honorários. A perícia partiu do laudo de outro exame, feito pelo Instituto de Criminalística (IC), logo depois do acidente. Por conta disso, o advogado da família Yared considerou a nova perícia “desnecessária” e uma forma de protelar o andamento do processo.

“Foi algo patético. Os peritos pegaram o laudo da perícia anterior e praticamente reproduziram o que havia sido feito. Logo, essa nova perícia tem que mostrar exatamente o que a outra perícia mostrou”, disse o advogado André Portugal. “Essa nova perícia é completamente desnecessária, porque a anterior não foi controvertida. Além do mais, os fatos estão confessados pelo réu”, completou. Apesar de ter sido feito há quase cinco meses, o laudo pericial ainda não ficou pronto.

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Fuga do oficial de Justiça

Em dezembro 2012, o oficial de justiça de Guarapuava tentou notificar por três vezes Luiz Fernando Ribas Carli, então prefeito de Guarapuava. O objetivo era cientificá-lo de que era um dos alvos do processo. O servidor procurou o político na prefeitura e na residência, mas não encontrou o político, que não retornou os recados deixados pelo oficial de Justiça.

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O episódio mais constrangedor ocorreu em 9 de dezembro de 2012, quando o oficial conseguiu abordar Ribas Carli no portão de casa, mas o então prefeito “fechou o portão ignorando a presença deste oficial, declarando que estava em hora de almoço e que não atenderia ninguém”. Pelas quase duas horas seguintes, Ribas Carli permaneceu dentro da residência, se negando a atender o oficial, que registrou: “motivo pelo qual deixei de citá-lo e devolvo este mandado ao cartório”.

Caráter pedagógico

O processo foi movido para reparação de danos morais e materiais, em razão da morte de Gilmar Rafael. Segundo o advogado da família Yared, André Portugal, o objetivo de seus representados é que a eventual condenação sirva de exemplo e o dinheiro da indenização deve ser aplicado em campanhas educativas de trânsito. “O que a família quer é manter o caráter pedagógico da medida e a reparação integral de todos os prejuízos que o acidente causou”, disse.

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