Preso por suspeitas de enriquecimento ilícito no esquema de corrupção do pedágio, o ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR) Nelson Leal Jr. tinha apenas R$ 798,61 em suas contas bancárias. O valor congelado pelo Banco Central (BC) é infinitamente menor que os R$ 20 milhões que o juiz federal Sergio Moro havia determinado de bloqueio de cada um dos investigados na Operação Integração. No depoimento que prestou após ser preso, ele próprio declarou ter renda média mensal de R$ 60 mil.
Leal Jr. e mais cinco pessoas foram presas na última quinta-feira (22) na 48ª fase da Lava Jato, que investiga casos de corrupção na concessão de rodovias federais no estado. Contra ele pesam suspeitas de recebimento de dinheiro de forma ilícita de empresas ligadas ao pedágio. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o agora ex-diretor do DER “firmou com as concessionárias inúmeros termo de ajuste sem amparo técnico em que foi acordada a retirada de obras e o incremento das tarifas”.
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A pequena quantia encontrada nas contas de Leal Jr. chama a atenção quando se leva em conta, por exemplo, que a Justiça sequestrou um apartamento dele em Balneário Camboriú (SC) avaliado em R$ 4,73 milhões. Segundo os investigadores, o imóvel seria uma das provas das irregularidades supostamente cometidas por ele.
A apuração do MPF e da Polícia Federal também investiga móveis, um veículo Mercedes Benz e aluguéis de embarcações por parte de Leal Jr.
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Na comparação, o Banco Central encontrou e bloqueou valores muito maiores nas contas de outros investigados. Do ex-assessor para assuntos políticos da Casa Civil do governo do estado, Carlos Nasser, foram bloqueados R$ 274,7 mil; de Leonardo Guerra, dono da empresa Rio Tibagi, R$ 217,3 mil; e do diretor-presidente da concessionária Triunfo-Econorte, Hélio Ogama, R$ 207,4 mil.
Os acusados negam as irregularidades apontadas pelo PF e pelo MPF.
A Gazeta do Povo entrou em contato com a defesa de Nelson Leal Jr. para obter um posicionamento sobre o valor bloqueado das contas do ex-diretor do DER e aguarda a resposta.
Confira a íntegra do relatório do Banco Central