Uma reunião realizada na tarde desta segunda-feira (28), entre governo e lideranças dos caminhoneiros, terminou com um acordo para garantir a livre passagem de caminhões que transportam gasolina, etanol e gás de cozinha pelos bloqueios impostos em rodovias que cortam o Paraná. Apesar disso, os grevistas devem manter os pontos de interdições para outros tipos de cargas - exceto as consideradas prioritárias. A greve entrou em seu oitavo dia (clique aqui e confira os desdobramentos em nossa cobertura em tempo real) e causa desabastecimento e já provocou o cancelamento de atendimentos eletivos em hospitais e de aulas em escolas e universidades.
O anúncio do acordo foi feito por volta das 15 horas, pela governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP), que destacou também que o Executivo já determinou à Agência Reguladora do Paraná (Agepar) que proceda com a suspensão da cobrança do eixo suspenso de caminhões nos pedágios, que é uma das reivindicações dos grevistas.
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“No Paraná, o diálogo está prevalecendo e gostaria de agradecer o entendimento com a categoria [dos transportadores] e fazer um anúncio importante: a liberação imediata dos caminhões que transportam combustível em todo o estado”, disse a governadora após a reunião.
O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de São José dos Pinhais e secretário da Federação Nacional dos Transportadores, Plínio Dias, destacou que a expectativa é de que todos os caminhoneiros paralisados acatem as definições do acordo. Segundo o líder, pela manhã a categoria já havia se reunido no Sindicato dos Caminhoneiros do Paraná e aceitado a proposta de liberar a circulação dos caminhões que transportam derivados de petróleo.
O chefe da Casa Militar, coronel Maurício Tortato, estima que o abastecimento nos postos de combustíveis de todo o estado estejam normalizados dentro de dois dias. Ele destacou que até a tarde desta segunda-feira, 34 caminhões-tanque carregados com derivados de petróleo já haviam saído pela da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária. Com essa liberação, o governo espera que volte ao normal serviços como a coleta de lixo, o transporte escolar e o atendimento hospitalar - já que, segundo o governo - pacientes não conseguiam sequer chegar aos pontos de atendimento.
Greve continua
Apesar do acordo, Dias destacou que a greve continua e que caminhoneiros vão manter os pontos de bloqueio em todo o Paraná. Segundo o sindicalista, os manifestantes não devem encerrar a mobilização até que o governo atenda pelo meno menos três itens: a redução de 30% do preço de todos os combustíveis, na bomba; a queda de 30% da tarifa dos pedágios; e a revisão da tabela do frete.
“Nossa pauta era sobre o combustível óleo diesel, mas até pelo apoio que recebemos da população, foi decidido que vamos continuar para atender todos os combustíveis”, disse o líder da categoria.
Futuras negociações
Apesar de comemorar o acordo, o governo reconheceu que ainda há outros pontos sensíveis, reflexos da paralisação. Um deles é o escoamento da produção da “indústria da carne”. Segundo o coronel Tortato, as câmaras frias dos frigoríficos do Paraná “estão lotadas” e que, por isso, as empresas estão com a produção parada. Outro aspecto diz respeito à manutenção dos bloqueios a caminhões que transportam produtos perecíveis - como legumes e hortaliças. Nos próximos dias, o governo devem centrar fogo na negociação da liberação desses itens.
“Não conseguimos avançar nesses pontos com a intensidade que gostaríamos”, reconheceu o chefe da Casa Militar.
Apesar disso, prevalece em vigor outro acordo do governo com os caminhoneiros: a liberação da circulação de veículos que transportam cargas consideradas prioritárias. Entre elas, estão medicamentos e insumos para hospitais, leite, ração animal e cargas vivas. O governo pretende ainda negociar o livre tráfego de caminhões vazios. “Os veículos que transportam ração, por exemplo, não conseguem voltar aos pontos de produção depois de terem descarregado. Eles descarregam e ficam presos nos bloqueios”, disse Tortato.