Uma das características mais pitorescas do escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht e políticos brasileiros é a forma como a empreiteira identificava os recebedores das doações em suas planilhas: por apelidos. Em nível nacional, destacam-se Mineirinho (o senador Aécio Neves), Amigo (o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), Kafta (o ministro Gilberto Kassab), Esquálido (o senador Edison Lobão), Massaranduba (o senador Ivo Cassol) e Viagra (o deputado federal Jarbas Vasconcellos). Além dos políticos, os partidos também tinham alcunhas, sendo que o PSDB era Corinthians e o PT, o Flamengo.
Abaixo, listamos os políticos paranaenses presentes na “megadelação” da Odebrecht. Confira:
Beto Richa - Piloto e Brigão
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), é citado na delação como tendo recebido R$ 2,5 milhões em doações não contabilizadas da empreiteira para sua campanha à reeleição, em 2014. Nessa ocasião, o apelido dele na planilha da Odebrecht é “Piloto”, devido ao político ser um aficionado por automobilismo. Paixão esta que inspirou a criação do site Beto na Boléia, somente com fotos do governador com veículos automotores.
No entanto, nas duas primeiras vezes em que delatores relatam dinheiro de caixa 2 da empresa às campanhas do tucano - 2008 e 2010 -, o apelido era Brigão. Este codinome não possui explicação até o momento.
Osmar Dias - Caim
O ex-senador Osmar Dias (PDT) aparece na delação da empreiteira como tendo acertado uma doação diretamente com o delator Fernando Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental. Na planilha, o pedetista aparece identificado como Caim, devido ao fato de, à época da delação, em 2010, estar brigado com seu irmão, o senador Alvaro Dias (PV-PR).
O codinome faz referência aos irmãos Caim e Abel, do Antigo Testamento da Bíblia. No relato do livro religioso, Caim matou Abel por sentir inveja do irmão.
Gleisi Hoffmann - Coxa e Amante
A senadora Gleisi Hoffmann (PT) é citada na “megadelação” como recebedora de doações para campanhas, que foram feitas pela empreiteira a pedido de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo. Segundo o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, o apelido dela na eleição de 2014 era Coxa e seria uma referência ao apelido do Coritiba. No entanto, a política é torcedora declarada do rival ferrenho do time, o Atlético Paranaense. O segundo apelido da política, usado nas campanhas de 2008 e 2010, foi “Amante”.
Paulo Bernardo - Filósofo
Além de pedir doações para a esposa, o ex-ministro Paulo Bernardo teria cobrado 1% de propina para incluir uma obra no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O valor total do contrato era de R$ 323,9 milhões. A obra em questão é a construção da linha 1 da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb ), na ligação entre Novo Hamburgo e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Na planilha da empreiteira, o político paranaense era identificado como “filósofo”, mas não há explicação do porquê.
Abelardo Lupion - Lupa
O ex-diretor superintende da Odebrecht na Região Sul, Valter Luís Arruda Lana, afirmou à força-tarefa da Lava Jato que a empreiteira doou R$ 250 mil a pedido do ex-deputado federal Abelardo Lupion (DEM). O ex-executivo detalhou que os pedidos do ex-parlamentar ocorreram em 2010, R$ 150 mil a pedido próprio, e em 2012, R$ 100 mil por um pedido dele para o partido, já que não era candidato. Nos dois casos, Lana afirmou ter se encontrado pessoalmente com o político, apelidado como Lupa nas planilhas da empreiteira, provavelmente apenas uma adaptação do sobrenome dele.
Zeca Dirceu - sem codinome
O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) foi citado nas delações da Odebrecht e será investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido do ministro relator da Lava Jato na Corte, Edson Fachin. Segundo o delator Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-executivo da empreiteira, para o parlamentar foram repassados recursos, em caixa 2, nas eleições de 2010 e 2014. Como os pedidos eram feitos pelo pai do deputado, José Dirceu, ele não tinha codinome próprio, sendo identificado pela alcunha do pai, o Guerrilheiro, em referência ao passado dele na luta armada contra a ditadura militar (1964-1985). No total, pai e filho teriam recebido R$ 850 mil em caixa 2, segundo Santos Reis.
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