A ordem do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), ao presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto, é não aumentar o preço da passagem de ônibus em 2018. Greca não quer enfrentar a impopular medida um ano após ter aumentado em 15% a passagem de ônibus em 2017. Para isso, Ogeny tem trabalhando sob o mantra do empresário Jorge Paulo Lemann, famoso pela obsessão por custos baixos: “Custos são como unha, temos que cortar sempre”, diz o presidente da Urbs.
A dificuldade, segundo Ogeny, é que não existe ação grandiosa para segurar a tarifa. Por causa disso, o esforço de barateamento da operação tem observado minúcias. Neste momento, por exemplo, está sob revisão dos técnicos da Urbs – com a participação de representantes dos empresários – a norma que define as especificações técnicas dos ônibus que operam em Curitiba.
LEIA MAIS: Principais imbróglios entre prefeitura e empresas de ônibus ficam de fora de acordo
Já há algumas ações definidas pelo grupo que devem ser adotadas na compra de novos ônibus. Por exemplo, a substituição das lixeiras, que hoje são de aço inox, por outas de plástico injetado gera economia de R$ 1 mil por cada biarticulado; a mudança do padrão de forração interna dos ônibus de duas cores para apenas uma também foi definida pelo grupo de trabalho e reduz em até 75% esse tipo de gasto.
Outra medida prevista é que os ônibus não tenham mais vidros na parte traseira, o que, segundo Ogeny Neto, reduz tanto os custos de aquisição quanto de manutenção dos veículos. Para reduzir a manutenção, outra mudança será no piso dos ônibus, que têm assoalho de compensado com uma cobertura de uma borracha chamada taraflex. A ideia é usar alumínio em vez de compensado. Apesar de ser mais caro, o alumínio não precisa ser trocado durante a vida útil do veículo, enquanto o compensado é trocado quatro vezes.
O esforço conjunto envolve também a mudança dos ônibus em algumas linhas com o objetivo de reduzir o valor por quilômetro rodado. “Estamos trabalhando na adequação de linhas, otimizando, de maneira a adequar o carro ao transporte. Eu não posso usar um articulado onde precisa de um ônibus comum”, afirma Ogeny Neto.
Atração de novos passageiros
Na avaliação da Urbs e das empresas de transporte, atrair novos passageiros ao sistema é indispensável para acabar com o ciclo vicioso de queda de passageiros e aumento da tarifa. Para isso, a principal medida anunciada até agora é a expansão das faixas exclusivas para ônibus dos atuais 5,7 km para 75 km até o fim do mandato de Greca. Segundo a Urbs, já existem projetos para a implantação desses novos corredores e a prefeitura trabalha agora na captação de recursos.
LEIA TAMBÉM: Ainda em teste, novo biarticulado de Curitiba quebra em estação-tubo
Tanto as empresas quanto a Urbs concordam que as faixas aliam diminuição de custos operacionais – por meio de velocidade média mais alta, consumo mais eficiente de combustível, desgaste menor de peças – e atração de passageiros, já que as viagens ficam mais rápidas e pontuais.
A Urbs espera também que a maior facilidade para o passageiro comprar créditos de transporte estimule o uso dos coletivos. Por isso foi feita uma atualização do sistema de bilhetagem e um acordo com a Caixa Econômica Federal para que as lotéricas passem a vender passagens e que o pagamento possa ser feito no cartão.