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Gleisi e Requião: em comum, defesa de Dilma na época do impeachment e, depois, críticas às reformas de Temer. | Pedro França/Agência Senado
Gleisi e Requião: em comum, defesa de Dilma na época do impeachment e, depois, críticas às reformas de Temer.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Os senadores paranaenses Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) estão no “olho do furacão”. Ganharam novos papéis na semana que se encerrou, atraindo holofotes em Brasília.

A primeira se tornou a principal aposta do PT para assumir o comando da legenda, no lugar de Rui Falcão. Ganhou um padrinho de peso na disputa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e agora tenta se viabilizar na cadeira, apesar da Lava Jato nas costas.

Já Requião agora assume a linha de frente no embate com procuradores e magistrados, atingidos diretamente pela proposta de uma nova lei para o crime de abuso de autoridade, em costura no Senado desde o fim do ano passado.

Gleisi

Eleita com uma expressiva votação para o Senado, no pleito de 2010, Gleisi se licenciou logo para a cadeira de ministra-chefe da Casa Civil, durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff. Ao voltar para o Senado, no ano de 2014, se notabilizou ao levar para os embates no plenário da Casa uma defesa veemente das gestões petistas.

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Acabou, mais tarde, fazendo também a defesa mais aguerrida no Senado pela permanência de Dilma Rousseff, alvo de um processo de impeachment que marcou o país, entre dezembro de 2015 e agosto de 2016.

Mas foi também em 2014 que a Lava Jato a atingia pela primeira vez. Em 2015, Gleisi passou a figurar na primeira “lista de Janot”. Em 2016, se tornou ré no Supremo Tribunal Federal (STF). “Continuo de cabeça erguida, não devo nada, não fiz coisa errada, não participei de roubo da Petrobras, e vou fazer o meu mandato aqui e vou provar minha inocência”, declarou ela, em setembro, à Gazeta do Povo.

Mas, por causa da Lava Jato, Gleisi teria inicialmente resistido à ideia de concorrer à presidência nacional do PT. A sigla, que troca de comando em junho, enfrenta sua pior crise, em boa medida na esteira da investigação. Gleisi só teria se convencido a entrar na disputa depois de uma conversa com o ex-presidente Lula, na segunda-feira, dia 3.

Mesmo ré na Lava Jato, a petista é a preferida hoje da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB). A ala acredita que o nome da paranaense tem mais condições de atrair os demais segmentos da legenda, facilitando a construção de uma candidatura única.

Requião

Ao contrário da colega de bancada, Requião ficou mais distante dos holofotes no ano passado, quando o processo de impeachment dominava a pauta em Brasília. Uma das principais figuras da ala “à esquerda” do PMDB, o paranaense se viu isolado na defesa de Dilma Rousseff.

Entrou em cena somente ao fim do processo de destituição, para marcar posição, na contramão do campo majoritário da sua sigla. Quando o correligionário Michel Temer passou a ocupar em definitivo a principal cadeira do Planalto, o senador resolveu voltar à arena política.

Ao lado dos petistas, fez dura oposição à PEC do teto dos gastos, primeira prioridade do Planalto no Congresso Nacional, em 2016. Atualmente, é crítico da reforma da Previdência pretendida pelo governo federal, e ainda em trâmite na Câmara dos Deputados.

Entre uma coisa e outra, assumiu uma das missões mais complexas em tempos de Lava Jato: em novembro do ano passado, a convite do então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Requião se tornou o relator do Projeto de Lei 280/2016, que trata dos crimes de abuso de autoridade cometidos por agentes públicos.

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A escolha do relator não foi aleatória. Fora da “lista de Janot”, conhecido pela atuação independente no Senado, pelo palavreado duro nos discursos, e famoso pelas brigas que travou com magistrados e membros do Ministério Público, especialmente ao longo dos três mandatos como governador do Paraná, Requião tinha o perfil desejado por Renan Calheiros para a tarefa.

Até aqui, Requião tem se mantido disposto a levar o projeto de lei para votação no plenário do Senado, a despeito dos detratores do texto, que o enxergam como uma tentativa de cercear o trabalho dos investigadores da Lava Jato.

Na terça-feira, dia 4, durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), bateu boca com o convidado, um promotor de Justiça de São Paulo, crítico do texto. “Não estou discutindo as ações do juiz federal Sergio Moro ou daquela meninada fundamentalista. Mas vocês não são donos da verdade, não é assim”, reagiu Requião.

Ao apresentar seu parecer na CCJ, no fim do mês passado, já havia ignorado sugestões do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que um pouco antes havia levado ao Senado um anteprojeto de lei sobre o mesmo tema. Com o apoio da maioria dos colegas da casa, Requião acabou se tornando relator também da proposição apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Seu parecer, prometeu ele, deve ser apresentado até o fim do mês.

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