O ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no início da tarde de sábado (6). Carli Filho estava hospitalizado desde o dia 7 de maio, quando bateu o Volkswagen Passat que dirigia contra um Honda Fit, no bairro Mossunguê, em Curitiba. No acidente, morreram os dois ocupantes do Honda, Gilmar Rafael Souza Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos.

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O ex-deputado deixou o hospital um dia antes de vencer o prazo para a conclusão do inquérito que investiga as responsabilidades no acidente. No sábado, o delegado Armando Braga de Moraes, que comanda as investigações, informou à Gazeta do Povo que, como não havia previsão de quando o ex-parlamentar prestaria depoimento, ele pediria mais 30 dias para concluir o inquérito. Nesta segunda-feira (8), no início da tarde, o delegado não foi encontrado para comentar o caso.

Procurado pela reportagem, o deputado estadual Plauto Miró (DEM), tio de Carli Filho, disse que no fim de semana estava participando de um evento e não ficou sabendo da alta do sobrinho. Ele afirmou, no entanto, que o ex-deputado não deverá voltar para o Paraná nos próximos dias. "A família me informou que, mesmo que ele deixasse o hospital, continuaria em São Paulo para dar continuidade ao tratamento", contou. Miró não soube informar se Carli Filho já foi intimado para prestar depoimento.

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O pai do ex-deputado, Fernando Ribas Carli, e o assessor de imprensa de Carli Filho, também foram procurados pela reportagem, mas não atenderam as ligações no início da tarde desta segunda-feira.

Somente a partir do depoimento de Carli Filho, que seria tomado após sua alta, é que a Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) de Curitiba poderá dar prosseguimento às investigações. O delegado Armando Braga de Moraes Neto, titular da Dedetran, afirmou, na semana passada que pretende fazer uma reconstituição do acidente. "É preciso fazer a oitiva (interrogatório) de Carli Filho para a reconstituição", afirmou Braga, na ocasião.

Carli, que renunciou ao cargo de deputado estadual, perdeu o foro privilegiado. Desde então passou a ser investigado como um suspeito comum.

Do acidente à renuncia

O que poderia ser apenas mais um acidente trágico com mortes a entrar para as estatísticas de trânsito acabou provocando a primeira renúncia de um deputado estadual na história do Paraná. Além disso, expôs um histórico de multas não só de políticos, mas de 68 mil cidadãos que continuam dirigindo com a carteira de habilitação suspensa.

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Depois da morte dos jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida, o governo do estado decidiu "caçar" os motoristas que ignoram as leis de trânsito. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) determinou a entrega das habilitações suspensas em 48 horas, sob ameaça de prender os desobedientes.

O resultado foi um crescimento de 568% na devolução de carteiras no primeiro dia medida, 28 de maio. Foram 695 devoluções só nesta data. A média de 2009, até então, era de 104 devoluções por dia.

Nesse universo em situação irregular, 26 deputados estaduais já receberam notificação de suspensão de carteira. A descoberta também veio na esteira do caso Carli.

A população também participou protestando contra a impunidade no trânsito, cobrando respostas da polícia, do Judiciário e da Assembleia Legislativa. Saiu às ruas em passeatas e fez campanha com adesivos nos carros – "190 km/h é crime".

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