O senador paranaense Alvaro Dias (PV), que tem pretensões de ser candidato à Presidência da República em 2018, já é apontado como um dos postulantes ao cargo, caso venha a ocorrer a queda de Michel Temer (PMDB) e a realização de eleições indiretas no Congresso Nacional, conforme prevê a Constituição. O nome do político foi citado pelo jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment que destituiu Dilma Rousseff (PT) do cargo, em entrevista à rádio CBN nesta quinta-feira (18).
Temer está na berlinda após o dono da JBS, Joesley Batista, relatar que gravou uma conversa entre os dois. No diálogo, o presidente fala em manter o pagamento de uma mesada para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu em mais de um processo pela Lava Jato e que atualmente está preso em Curitiba.
Em entrevista na manhã desta quinta-feira, transmitida também pelo Facebook, Alvaro Dias defendeu a renúncia de Michel Temer como solução” mais rápida” e “menos traumática” para o impasse que se criou a partir da revelação contra o presidente, embora tenha citado a dificuldade em acreditar que ele o fará. “Deveria pedir perdão ao país e entregar sua carta de renúncia para facilitar uma solução.”
Caso o pedido de renúncia não ocorra, o senador disse ser inevitável a instauração de um processo de impeachment. Até o fim da manhã, três pedidos já haviam sido protocolados para destituir Temer do cargo via Congresso. “Os fatos recomendam que nós não podemos ser seletivos nesse julgamento de quem preside o país”, disse ele, em referência ao impedimento de Dilma Rousseff, ocorrido no ano passado.
Questionado sobre a ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pede a cassação da chapa Dilma/Temer e terminaria também com a saída do atual presidente, Alvaro Dias afirmou que este pode ser um caminho mais curto que o impeachment, mas que ainda sim pode ser alongado com recursos judiciais. E reforçou o pedido pela renúncia como solução mais rápida para a crise. “Se é que é possível se superar esse impasse a curto prazo. Esse calvário não termina logo ali. Ele ainda vai longe demais”.
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Autoridade do Congresso para eleger o próximo presidente
Dias foi questionado sobre a autoridade do Congresso, que tem boa parte dos seus membros implicados em investigações por corrupção, para eleger o próximo presidente, caso Temer saia da Presidência. O senador paranaense disse que a crise também está instalada nas casas legislativas, pois o vício da corrupção é abrangente. “É evidente que há sim essa mancha no Congresso Nacional, a casa perde autoridade. É por essa razão que muitos defendem eleições gerais. Mas, exigiria uma alteração de profundidade na Constituição do país”, afirmou. Segundo Dias, esta solução também exigiria a celebração de um “pacto político”, com parlamentares abrindo mão de seus interesses pessoais, para a antecipação das eleições que regularmente só ocorreriam em 2018.
O senador também afirmou que, com a denúncia contra Temer, as reformas propostas pelo governo ficam paralisadas no Congresso. “Não há condições no Congresso Nacional para discutir reformas que tiram alguns direitos adquiridos de trabalhadores brasileiros, de aposentados brasileiros. Com que autoridade política e moral o governo atual vai promover reformas no país?”
Senador critica corrupção, mas não cita ex-colega de partido
Perguntado sobre os parlamentares que foram alvo da Operação Patmos, Alvaro Dias disse ser “estarrecedor” que políticos tenham continuado a praticar atos de corrupção mesmo durante as investigações da Lava Jato.
O senador, no entanto, não citou o nome dos envolvidos, nem o do ex-colega de partido, o também senador Aécio Neves (PSDB-MG), que foi afastado do mandato pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF). O tucano também teve mandados de busca e apreensão cumpridos no gabinete no Senado e em suas residências, além da irmã e o primo presos. Aécio teria recebido R$ 2 milhões da JBS e foi gravado combinando a entrega com o dono da empresa.
Alvaro e Aécio foram colegas de partido até o começo de 2016, quando o paranaense deixou o PSDB e se filiou ao PV, em um movimento apontado como feito para viabilizar sua candidatura à Presidência em 2018.
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