A Polícia Federal prendeu o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), que deixou sua residência em Salvador cobrindo o rosto com uma pasta. O ex-ministro estava em prisão domiciliar. Ele chegou em Brasília por volta das 16h desta sexta-feira (8). O ex-ministro passaria pelo Instituto Medico Legal (IML) para exames de praxe e, posteriormente, vai para o complexo penitenciário da Papuda, nos arredores de Brasília.
Desde que o montante de R$ 51 milhões foi encontrado, a defesa do ex-ministro não se pronunciou e nem atendeu mais ligações. Antes, o advogado vinha negando acusações. A PF chegou ao prédio de Geddel, em Salvador, no bairro Jardim Apipema, por volta de 5h40, em dois carros.
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Um vendedor ambulante foi escolhido para subir ao apartamento do ex-ministro como testemunha. Houve aplausos e buzinas de pessoas que passavam quando a PF deixou a garagem com Geddel no banco de trás.
Além do ex-ministro, foi preso Gustavo Ferraz, ex-assessor de Geddel, também do PMDB, atualmente diretor da Defesa Civil de Salvador, e três mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Segundo justificativa do pedido, a prisão é para evitar “a destruição de provas imprescindíveis à elucidação dos fatos”.
Fortes indícios
Segundo a decisão do juiz, a PF informou que "o dinheiro apreendido tem, certamente, origem ilícita, decorrente das atividades criminosas praticadas por Geddel Quadros Vieira Lima no comando da Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal e, possivelmente, de outras que porventura podem vir a ser descobertas".
No despacho, o juiz afirma que "esses novos fatos mostram que seriam atuais as condutas ilícitas praticadas por Geddel", "como a lavagem e ocultação de ativos, que podem ter sido praticados pelo primeiro por meio dos serviços do operador financeiro Lúcio Funaro".
Ele destaca que Funaro, réu na Operação Sépsis, afirmou em depoimento que Geddel recebeu R$ 20 milhões desviados de empréstimos referentes a J&F, Marfrig e Bertin. Segundo a decisão do juiz, a PF encontrou no "bunker" uma fatura em nome de Marinalva Teixeira de Jesus, "pessoa detentora de vínculos empregatícios com o Lúcio Vieira Lima", irmão de Geddel e deputado federal pelo PMDB-BA.
O relatório confirma que "alguns fragmentos de impressões digitais" de Geddel e de Gustavo Ferraz foram identificados no dinheiro apreendido.
Bunker: depósito de dinheiro
O pedido de prisão (feito pela PF e endossado pelo Ministério Público Federal) acontece após a PF ter encontrado na terça (5) R$ 51 milhões em espécie escondidos em caixas e malas em um “bunker” ligado ao peemedebista, também em Salvador.
A operação batizada de Tesouro Perdido, que foi deflagrada na manhã da terça (5), é um desdobramento de outra investigação, sobre fraudes em liberações de empréstimos na Caixa, a Cui Bono.
Foram encontradas digitais dele e de Ferraz.
Geddel cumpria prisão domiciliar desde o dia 12 de julho. Ele foi preso no dia 3 de julho, acusado de tentativa de obstrução de Justiça, e depois conseguiu habeas corpus.
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Operação Cui Bono
A operação apura a atuação de Geddel e outras pessoas na manipulação de créditos e recursos realizada em duas áreas da Caixa Econômica Federal.
O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o corretor de valores Lúcio Funaro são também alvos da investigação, que começou no ano passado.
Geddel é acusado de ter recebido R$ 20 milhões de propina em troca de aprovação de empréstimos no banco ou de liberação de créditos do FI-FGTS para beneficiar empresas.
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