Pela primeira vez desde tornado público o teor da delação do empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS, o presidente Michel Temer (PMDB) foi para cima e buscou sair das cordas. Ainda encurralado, Temer encontrou um ar para respirar nas notícias divulgadas neste sábado (20) de que o grampo que foi alvo teve trechos editados. Se vale uma metáfora com um jogo de futebol, Temer anda comemorando qualquer lateral a favor.
O presidente usou e abusou dos adjetivos contra Joesley – falastrão, fanfarrão, ‘esse cidadão’ – e disse que a gravação do empresário foi clandestina, manipulada, adulterada e que ele cometeu o “crime perfeito”. Nas suas palavras, uma “acusação pífa”. E que está “leve e solto” na América.
Temer falou por doze minutos e bateu forte no púlpito uma vez. Ter que falar duro para ele é sair do seu estilo monocórdio, marcado por mãos que se entrelaçam. Na sua fala sobrou, indiretamente, para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Logo de cara, Temer questionou como uma gravação feita nas condições em que foram feitas, e toda alterada, ainda foi aceita pelo Ministério Público sem a “adequada averiguação”.
Opinião da Gazeta: Temer perdeu a legitimidade e as condições morais de seguir na presidência
O presidente aproveitou para estocar os governos petistas. Disse que Joesley se fez com as benesses do BNDES nas gestões de Lula e Dilma: “acabaram os tempos de facilidade”, disse o peemedebista. E teceu loas a seu um ano de mandato e citou melhoria no PIB, conquista de empregos e redução da inflação.
A crise tomou tanto conta do governo que não houve citação às reformas em andamento, ou não mais, no Congresso Nacional. Temer se mostrou mais “leve e solto” que no primeiro depoimento, marcado por um semblante angustiado.
O presidente não se livrou das acusações. Está longe disso. O que disse não é suficiente para agregar sua base eleitoral, agora desobrigada de ter que votar impopulares reformas na véspera de um ano eleitoral. Ah, sim! Alguns deputados – três ao todo, e do PMDB – acompanharam seu depoimento no Palácio: Carlos Marun (MS), Darcísio Perondi (RS) e Lúcio Vieira Lima (BA). Os que têm dado a cara para bater desde o início da crise. Muito pouco ainda.
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