A palestra do ministro Alexandre de Moraes em Roma, na semana passada, pouco antes de uma suposta agressão a ele e ao filho no aeroporto internacional, foi patrocinada por um grupo empresarial de Goiás que tem participação na farmacêutica Vitamedic. A empresa foi condenada pela justiça gaúcha por danos morais coletivos por conta do chamado “kit Covid”, que tinha a ivermectina, seu carro-chefe, como um dos medicamentos para o tratamento precoce da Covid-19.
Apesar da condenação e de ser o relator de um inquérito aberto há dois anos para apurar a divulgação de supostas fake news sobre a Covid-19, o ministro aceitou o convite para palestrar na Itália, segundo apurou a Band.
O evento que Moraes participou na Universidade de Siena foi promovido pela faculdade Unialfa, de Goiânia, e teve 31 palestrantes convidados. A instituição, de propriedade do Grupo José Alves, trabalhou com o movimento “Médicos pela Vida” em um manifesto a favor do “kit Covid”.
A Vitamedic e o “Médicos pela Vida” foram multados em R$ 55 milhões por apoiar a divulgação do manifesto e incentivar o uso do kit. A decisão em primeira instância ainda cabe recurso.
Segundo a apuração, a Vitamedic faturou cerca de R$ 500 milhões durante a pandemia da Covid-19 com a venda da ivermectina, contra apenas R$ 15 milhões do ano anterior. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendia que os médicos tivessem autonomia para receitar o medicamente junto com a cloroquina para o tratamento do vírus.
O diretor da empresa foi chamado a depor na CPI da Pandemia. Os senadores pediram a quebra do sigilo telefônico e fiscal do presidente do grupo, evitada por um mandado de segurança impetrado no Supremo.
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