O farmacêutico Bruno Osternack tomou a dose contra o H1N1, ontem: procura pela vacina é baixa na faixa de 30 a 39 anos| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Paraná

Alcance de 90% não está correto

A Secretaria de Estado da Saúde divulgou ontem que o Paraná foi o primeiro estado a ultrapassar o índice de 90% de vacinação do público alvo total contra a gripe A (H1N1). O Ministério da Saúde, no entanto, afirma que não é correto o cálculo e que o índice deve ser analisado para cada grupo prioritário. Segundo o órgão, não é válida a análise do porcentual geral porque alguns grupos extrapolaram o previsto enquanto outros não atingiram a meta. No estado está abaixo da cobertura mínima de 80% a vacinação entre adultos de 30 a 39 anos (58,1%) e a de gestantes (78,8%). Por outro lado, foram ministradas doses acima do previsto para trabalhadores de saúde (116,7%) e doentes crônicos (154,6%).

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Faltando uma semana para o fim da campanha de vacinação contra a gripe A (H1N1), cerca de 4,5 mi­­lhões de pessoas já foram imunizados no Paraná. Se os faltantes dos grupos prioritários comparecerem até o próximo dia 2, o estado terá seis em cada dez habitantes protegidos contra a nova gripe. Serão cerca de 6 milhões de indivíduos imunizados (contando as 5,5 milhões que fazem parte dos grupos prioritários e as 500 mil, aproximadamente, que já tiveram a doença e não foram vacinadas) entre os 10,7 milhões de paranaenses, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde.

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O número, porém, não significa que o Paraná estará livre do vírus. A diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Curitiba, Karin Regina Luhm, explica que um vírus é considerado fora de circulação quando cerca de 95% da população está imunizada. "Tem que ser cobertura muito alta e não foi esse o objetivo dessa campanha", diz. A estratégia foi vacinar os grupos com maior risco de complicação e de morte pela nova gripe.

Além disso, a eficácia da vacina é de 90%, o que significa que nem todos desenvolvem resistência. A prevenção seria através dos cuidados de higiene, como lavar as mãos, evitar tocar boca, nariz e olhos, cobrir o rosto ao tossir e espirrar – ações que devem permanecer.

Com os números e o quadro observado no Hemisfério Norte, autoridades de saúde e especialistas dão como certo de que a segunda onda da doença será menos intensa. Para o secretário de estado da Saúde (Sesa), Carlos Moreira Júnior, o índice de pessoas imunizadas significa que a circulação do vírus irá cair, caso o H1N1 não sofra nenhuma mutação.

O estado pretende ampliar ainda mais a cobertura vacinal, principalmente entre crianças de até 12 anos. A decisão cabe ao Ministério da Saúde, que não sinalizou nada nesse sentido. Como precaução, estudantes estarão de férias no período mais crítico para a doença, esperado entre 15 de julho e 15 de agosto.

Percalços

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Para atingir a meta de vacinação do Ministério da Saúde, o estado precisa ampliar a cobertura entre adultos de 30 e 39 anos. De 1,6 milhão de pessoas esperadas dessa faixa etária, 954,1 mil compareceram às unidades de saúde (58,1%). A meta mínima é imunizar 80% de cada grupo.

De acordo com a chefe do serviço de epidemiologia do Hospital de Clínicas da UFPR, Suzana Dal-Ri Moreira, a faixa etária mais afetada pela nova gripe foi de pacientes de 20 a 39 anos. "Nos preocupa o fato de a população nessa faixa etária não estar procurando." Suzana explica que a vacina é como uma barreira, que faz com que menos pessoas adquiram a infecção e menos transmitam. Dessa forma, o H1N1 continua circulando, mas em menor intensidade do que ocorreu no ano passado, segundo a médica.

O pedreiro Márcio José Miranda dos Santos, 34 anos, e a digitadora Márcia Regina dos Santos, 39 anos, estão entre os que não foram em busca da vacina. Márcia tem medo de agulha e Márcio diz que falta tempo. Os dois passaram ontem na frente do posto de vacinação da Praça Ouvidor Pardinho, mas não pararam. "A maioria está tomando. Uma pessoa não vai fazer diferença", disse a digitadora. Já o farmacêutico bioquímico Bruno Rizzo Osternack, 30 anos, conseguiu se vacinar, ontem, porque o prazo foi prorrogado. "Falta tempo. Estava em plantão direto e agora deu uma folga."

O Paraná já tem 11 mortes pela nova gripe em 2010. Segundo a Sesa, entre as vítimas não estava nenhum paciente vacinado.