| Foto: /

Crianças hipertensas, obesas, diabéticas e com problemas hepáticos. Esses são apenas alguns dos problemas de saúde que podem surgir quando o consumo excessivo de açúcar impera na dieta infantil. O cenário é preocupante. Seis a cada 10 crianças com menos de dois anos comem diariamente biscoitos, bolachas e bolos.

CARREGANDO :)

Confira dicas para alimentar crianças de até 2 anos de forma correta

Leia a matéria completa
Publicidade

Facilidade perigosa

Os médicos pediatras são unânimes: a correria diária e a facilidade dos alimentos industrializados são fatores preponderantes para que crianças consumam comidas ricas em gordura e açúcares. “As pessoas acabam achando mais fácil dar algo pronto do que preparar um alimento para o filho”, diz o pediatra Luiz Pujol. Por este motivo, os próprios pais devem rever seus hábitos, para não prejudicar a saúde dos filhos. “A partir de uma determinada faixa etária, eles podem até comer, mas não todo dia e em todas as refeições”, diz.

Os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam ainda que 32,3% de bebês nesta faixa etária já consomem refrigerante ou suco artificial. Alimentos nem um pouco recomendados para organismos que ainda estão em fase de formação. O açúcar pode, segundo especialistas, prejudicar a absorção de alimentos saudáveis pelo organismo, provocando diversos males à saúde.

Como o organismo ainda está sendo formado, a criança não é capaz sequer de metabolizar esses alimentos. “Até os dois anos, o organismo da criança é considerado imaturo. Como não metaboliza esse açúcar, a caloria não é usada. Isso se transforma em gordura”, explica o presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Gilberto Pascolat. Entre 3 e 4 anos, já é possível que as crianças ingiram estes tipos de alimentos, desde que seja algo esporádico, diz ele.

Para o pediatra Luiz Ernesto Pujol, que é presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), o consumo desses produtos industrializados, com excesso de açúcar e também de gordura trans, sobrecarregam o fígado. “Isso interfere e dificulta a absorção de outros alimentos saudáveis”, afirma.

Perda de apetite
Publicidade

Pujol ressalta que o consumo excessivo de alimentos ricos em açúcar por crianças pode provocar perda de apetite. “Como o açúcar é muito calórico, ele pode tirar a fome. Esse tipo de alimento pode ser um substituto perigoso para a alimentação convencional. Crianças podem ficar hipertensas, obesas e facilitar o surgimento de diversas doenças, como diabete”, ressalta o pediatra. A longo prazo o consumo de comidas industrializadas e ricas em açúcar pode desencadear problemas cardíacos e comprometer o funcionamento de órgãos como pâncreas, fígado e rins.

Mamadeira com suco artificial

O hábito de consumir açúcar nos primeiros anos de vida afeta a fase da transição alimentar que inicia aos 6 meses, interferindo na descoberta de novos sabores. “Isso prejudica a diversidade alimentar e eleva as chances de inadequações nutricionais, como a anemia”, diz a nutricionista Juliana Gonçalves. Segundo ela, estudos apontam que sucos industrializados (de caixinha, em pó e néctares) oferecidos a menores de 2 anos em mamadeiras estão relacionados ao desmame precoce, prejudicando o aporte de cálcio e vitaminas A e D e do complexo B. “Biscoitos industrializados tem teor de açúcares e gorduras elevados, com índices até 100 vezes maiores que a necessidade da criança.

Crescimento prejudicado

Como os açúcares possuem baixo teor de nutrientes, o consumo desses alimentos pode afetar até o crescimento e desenvolvimento infantil. “Ele pode atuar como inibidor da absorção de vitaminas e sais minerais importantes para o crescimento e desenvolvimento infantil”, alerta a nutricionista e professora da Faculdade Paranaense (Fapar), Juliana Bertolin Gonçalves, que integra o Conselho Regional de Nutricionistas do Paraná.

Segundo ela, estes alimentos contêm níveis elevados de açúcares que prejudicam a absorção das vitaminas. “Levam a exposição destas crianças menores de dois anos a doenças metabólicas que antes acometiam somente adultos e idosos”, ressalta.

Publicidade