Sabe aquela história que caxumba é coisa de criança? É mito. Novidade nenhuma para os profissionais da saúde. Mas a informação pegou muita gente de surpresa, depois que o jogador Neymar pegou a doença e foi obrigado ficar afastado dos gramados durante quase 20 dias.
Confira os estágios do contágio da caxumba
Em Curitiba, quase um terço dos infectados com a doença em 2014 eram pessoas com 20 anos ou mais (28%). Esta faixa da população representou 158 de um total de 563 doentes. Os números são referentes aos casos em que há suspeita de caxumba, na hora do diagnóstico.
Risco epidêmico
O Rio de Janeiro registra número de casos de caxumba acima do normal neste ano. Até o dia 12 de agosto eram 1241 ocorrências, mais que o dobro do total de casos em todo o ano de 2014. A suspeita de que uma adolescente de 14 anos teria morrido em virtude de complicações geradas pela doença agravou os temores de que o estado sofre com uma epidemia. A relação da morte com a caxumba não foi confirmada e a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro garante que não há evidência de epidemia no estado.
Vacina ainda é principal fonte de prevenção
A vacina é a principal forma de prevenção contra a caxumba. No Calendário Nacional de Vacinação, do Ministério da Saúde, a proteção contra a doença está presente na chamada Tríplice Viral, que inclui ainda as vacinas contra sarampo e rubéola.Para estar imunizado, é preciso tomar duas doses da vacina, após o primeiro ano de idade. Em Curitiba, a pri
Leia a matéria completaPara este ano, os casos de caxumba em adultos com mais de 20 anos representam uma parcela um pouco maior do total de infectados. Até 15 de agosto, foram 153 adultos em um universo de 394 casos, o que representa 38% do total.
Os números não são motivo de alarde no Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O número de casos este ano foi 10% maior que o registrado no mesmo período do ano passado (357).
Mantida esta média, ainda é bem menos do que o verificado nos anos anteriores. Em 2013 foram 885 casos; 2012 houve um total de 975 ocorrências e em 2011 foram 2.443 registros.
“A suscetibilidade é a mesma em adultos e crianças. Se o adulto não está imunizado, desenvolve a doença”, explica o infectologista do Hospital Marcelino Champagnat ,Sergio Penteado.
Mas a doença pode, sim, ser mais severa entre adultos, “porque a criança tem resposta imunológica básica”, alerta o médico. Significa que nesses pacientes o vírus - que geralmente ataca as glândulas parótidas, salivares - tem maior chance de se alastrar por outras glândulas do organismo, como o pâncreas, os testículos, ovário e até para a mama.
É em função destes casos mais graves que surge a noção de caxumba como causa da esterilidade. “É raro, mas pode acontecer se for uma inflamação tão forte que atinja estas células”, explica a pediatra Marion Burger, do Centro de Epidemiologia da SMS.
Sintomas
A caxumba é causada pela penetração do vírus Paramyxovirus nas glândulas corporais. O ataque ao organismo pode ser de forma citopática - quando o vírus destrói a célula - ou quando o organismo se “autodestrói” ao colocar o sistema imunológico em ação.
Como as glândulas mais suscetíveis ficam na área da mandíbula, o principal sintoma da doença é o inchaço nesta região. O paciente ainda sente dores no corpo, dificuldade para deglutir (por conta da baixa produção de saliva) e febre, que não costuma ser muito alta (em geral entre 37,5ºC e 38ºC).
Tratamento
Não há vacina ou tratamento antiviral que combata o vírus da caxumba uma vez que ele se instale no corpo. Por isso, o melhor tratamento é descansar, para permitir que o próprio sistema imunológico se encarregue de controlar a doença.
Em geral, os médicos receitam medicamentos para tratar os sintomas, ou seja, analgésicos - para diminuir as dores - e antitérmicos - em caso de febre. Também é aconselhada a ingestão de alimentos líquidos ou pastosos, que não exigem tanta produção de saliva, para não sobrecarregar as glândulas salivares.
Jovens dos anos 1990 podem estar expostos
Muita gente que tomou vacina no final dos anos 1990 pode não saber, mas está desprotegido da caxumba. Isto porque o governo distribuiu vacinas durante os surtos de sarampo, em 1998, e de rubéola, em 2003. Era uma forma de prevenir que as doenças se alastrassem.
Ocorre que muitas das vacinas distribuídas durante os surtos eram do tipo dupla, e não tríplice viral. Quem foi vacinado nesta época, portanto, pode não ter recebido duas doses de proteção contra a caxumba, e não estar imunizado contra a doença.
Além destas pessoas desprotegidas sem saber, há muita gente que não tomou dose alguma contra as doenças, devido à crença popular de que a vacina faz mal.
Este mito é particularmente forte para a tríplice viral, uma vez que o vírus presente nesta vacina é vivo e atenuado, ou seja, enfraquecido em laboratório. É diferente da vacina contra a gripe, por exemplo, que contém o vírus morto e dividido em pedaços, explica a pediatra Marion Burger, do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde, de Curitiba.
Para as pessoas que evitam a vacina com medo de que esta desencadeie alguma reação imune, como uma pequena febre, Marion manda um recado: “Se o vírus fez isso enfraquecido, imagina com ele forte?”. Ou seja: é melhor um pequeno mal estar causado pela vacina do que na hora da doença.
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