Transmitidos pelo mesmo vetor da dengue, o zika vírus e o chikungunya chegaram ao Brasil nos últimos dois anos trazidos por turistas estrangeiros que vieram para o país – possivelmente, pessoas vindas da Polinésia Francesa ou da Micronésia, locais que viveram surtos da doença nos últimos anos. A situação é um alerta para as ameaças que vêm de fora e que podem se espalhar pelo país, principalmente quando recebemos grandes eventos internacionais, como a Olimpíada deste ano.
Confira os sintomas que dengue, zika e chikungunya têm em comum e os que diferenciam as três doenças
E não são poucos os males que podem chegar o Brasil. A Síndrome Respiratória Coronavírus do Oriente Médio (Mers-Cov), a febre do Nilo Ocidental, a gripe H7N9 e as bactérias super-resistentes são alguns deles. A essa lista, soma-se o sarampo, a caxumba e a rubéola. Doenças controladas no Brasil graças à vacinação, mas que podem voltar a ser um problema de saúde pública com a chegada de estrangeiros não vacinados.
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Leia a matéria completaDe acordo com o Ministério da Saúde, o país está se preparando para reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças durante os Jogos Olímpicos. Em nota, o órgão destacou que o Brasil possui “ ampla experiência na organização de eventos de massa, incluindo internacionais como a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (2012), a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (2013) e a Copa do Mundo (2014)”.
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Porém, na avaliação do especialista em medicina do viajante, o infectologista Jaime Rocha, do Laboratório Frischmann Aisengart, o sistema de vigilância brasileiro tem falhas. “Em aeroportos americanos, há muito tempo se fala em Mers-Cov e existem alertas para a doença. Por aqui, não há nada disso”, exemplifica. Rocha ressalta que, ter autoridades e população atentas aos sintomas de certas doenças e um sistema de saúde pronto para fazer ações de bloqueio quando alertado, é fundamental para evitar a disseminação de novos agravos.
Para se proteger, as recomendação gerais são: manter as vacinas em dia, higienizar sempre as mãos, evitar aglomerações, usar preservativos nas relações sexuais e se manter bem informado. “Quando tivemos o surto de gripe A, e todas as pessoas passaram a higienizar adequadamente as mãos, percebemos também uma redução de casos de outras doenças, como conjuntivites. Isso é resultado de uma cultura sanitária, o que não se muda da noite para o dia”, comenta Rocha.
Rubéola, Sarampo e Caxumba
Nem todos os países fazem o mesmo controle vacinal contra essas doenças como o Brasil e o Ministério da Saúde não exige comprovação vacinal para entrada no país . Desta forma, com mais visitantes, há o risco de vírus já controlados voltarem a circular e causar surtos por aqui. A população adulta é a mais vulnerável. Isso porque muitos não tomaram as doses necessárias da vacina para garantir uma imunização por toda a vida.
Superbactérias
Bactérias resistentes a medicamentos conhecidos são um problema de saúde pública especialmente na Índia, onde é possível comprar antibióticos com facilidade e há sérios problemas de saneamento. No Brasil, essas bactérias já circulam, mas há uma preocupação de que haja uma disseminação nos eventos que juntarão grandes aglomerações. Como a transmissão é fecal-oral, vale a mesma orientação usada para gripe: lavar as mãos sempre, principalmente antes das refeições e sempre que chegar da rua.
Gripe H7N9
Doença originalmente de aves, a gripe A H7N9 tem contaminado humanos desde 2013. Os principais sintomas são febre alta, tosse e falta de ar. Em alguns casos, essa gripe evolui para uma pneumonia grave e pode matar. Até agora, o maior número de casos se concentra na China, onde em muitas localidades humanos e animais, como patos e galinhas, convivem no mesmo espaço. Além de aves para pessoas, a transmissão também pode ser dar entre humanos. Até novembro do ano passado, foram confirmados por meio de exames laboratoriais 683 casos da doença. Em 275 deles, os pacientes morreram, de acordo com informações da Organização Mundial da Saúde.
MERS-COV
A doença causada por um coronavírus teve origem no Oriente Médio e já há casos registrados em países da Europa, África e também nos Estados Unidos. O vírus ataca o sistema respiratórios e causa febre alta e tosse. É especialmente perigoso para pacientes com sistema imunológico já debilitado. Mas também há casos de pessoas jovens e saudáveis que morreram devido ao MERS-Cov. A transmissão se dá pessoa para pessoa, pelo ar. Em junho do ano passado, a doença deixou a Coreia do Sul em alerta. Escolas, creches e hospitais foram fechados no país, onde foram registradas 24 mortes causadas pela doença.
Febre do Nilo Ocidental
A doença viral é transmitida aos humanos por meio da picada de mosquitos – Culex ou Aedes – que se contaminaram depois de picarem aves doentes. Humanos não se transformam em reservatórios do vírus, o que reduz a capacidade da infecção se espalhar. Mesmo assim, a doença é preocupante. Cerca de 20% dos infectados apresentam febre aguda associada a outros sintomas, como dores de cabeça e no corpo, fraqueza, artralgia, vômitos, diarreia ou manifestações cutâneas. A maioria das pessoas com esse tipo de sintomas se recupera completamente, com possibilidade de persistência de fadiga e fraqueza por algumas semanas ou meses. Porém, 1% dos humanos infectados por esse vírus desenvolvem doenças neurológicas graves, como encefalite.
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