Prevenção da nova gripe deve continuar
As autoridades de saúde têm afirmado que a fase mais crítica da pandemia já foi superada, mas isso não quer dizer que não existem mais riscos de contaminação da nova gripe e também de outras doenças respiratórias. Por isso é importante que medidas básicas de higiene continuem sendo adotadas pela população.
De acordo com o infectologista Clóvis Arns da Cunha, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Nossa Senhora das Graças e professor de Infectologia da Universidade Federal do Paraná, os adultos são acometidos, em média, por dois a quatro resfriados por ano, e em crianças que freqüentam creches e pré-escolas esse número chega a dez por ano. "Cuidados básicos evitariam que as pessoas ficassem doentes, perdessem dias de trabalho e até pudessem ter complicações", afirmou Cunha.
As duas medidas essenciais são fazer a higiene correta e constante das mãos e também cobrir o rosto ao tossir e espirrar.
Além disso, é importante manter os ambientes bem ventilados e deixar as janelas dos ônibus abertas. "São ações assim que devem se tornar cotidianas e têm que ser feitas por todos", destacou o infectologista. (FL)
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A capacidade de notificação das mortes e as condições climáticas são apontadas pelos especialistas como os principais fatores responsáveis pelo número de mortes causadas pela gripe A (H1N1) no estado até o momento. OParaná confirmou 170 mortes por causa da doença, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgados na quarta-feira (26), e é o segundo estado do país em número de mortes, ficando atrás de São Paulo, que já registrou 223 mortes. No entanto, a taxa de mortalidade do estado é de 1,41% por 100 mil habitantes, enquanto que a taxa de São Paulo é 0,54%, segundo o Ministério da Saúde.
De acordo com o diretor-geral da Sesa, André Pegorer, o diferencial do Paraná é a rapidez com que o resultado dos exames é dada no Paraná. Isso porque o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen) analisa apenas exames do Paraná e tem capacidade para analisar 250 amostras por dia, sendo que chegou a dar o resultado de 450 exames em um só dia. Os outros estados do Brasil têm as amostras dos casos suspeitos feitos por três laboratórios (em São Paulo, no Rio de Janeiro e outro no Pará). "Os outros estados têm uma dinâmica diferente, pois o processamento dos dados é mais lento e gradual, diferente do que acontece no Paraná", explicou.
Pegorer ressaltou também queo Lacen já zerou a fila de exames, mas ainda possui cerca de 300 amostras esperando o resultado da análise na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que foram enviadas em um período anterior ao trabalho do Lacen. "A demanda da Fiocruz é muito maior, por isso apesar de todo o trabalho deles, ainda não foi possível apresentar todos os resultados", comentou.
Para o diretor-geral da Sesa uma análise mais densa dos números só poderá ser feita quando todos os estados já tiverem os dados consolidados.
Já o infectologista Sérgio Penteado, coordenador do Serviço de Clínica Médica e Infectologia do Hospital Evangélico e professor de Infectologia da Faculdade Evangélica do Paraná, afirmou que a rapidez com é feito o diagnóstico e é coletada a amostra também pode ser responsável pelo índice mais alto no Paraná. De acordo com o médico, todos os casos graves da doença tiveram amostras coletadas e foram notificados à Vigilância Sanitária, que prontamente fez a coleta. Se esse procedimento não for adotado e o paciente morrer, a situação pode ser diagnosticada como pneumonia e não como gripe suína.
Além disso, Penteado disse também que o tempo que decorre entre o aparecimento dos sintomas e a coleta das amostras também pode influenciar no resultado dos exames. Pois, com o passar dos dias o vírus pode ficar mais fraco e a análise da amostra pode até dar resultado negativo. "A situação da doença no Paraná é mais real do que em outros estados", afirmou.
Outra hipótese colocada como responsável pelo maior número de mortes no estado diz respeito às condições climáticas do Paraná - tempo frio e úmido. De acordo com os especialistas, condições semelhantes são verificadas apenas no Rio Grande do Sul, que tem 98 mortes confirmadas, segundo o Ministério da Saúde. No entanto, a partir dessa semana o Rio Grande do Sul também passará analisar as suas amostras, o que deve agilizar o processo de confirmações e descartes da doença.
Há também o fato de que o Paraná faz fronteira com a Argentina e tem ligação rodoviária com o Chile, por isso a disseminação do vírus começou antes no estado.
Comparação com a Europa
A Europa confirmou 94 mortes por causa da nova gripe, 59 delas no Reino Unido, segundo o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças. No Brasil são 557 óbitos, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo o ranking apresentado pelo MS, com dados da Organização Mundial da Saúde o Brasil é o país em que mais foram registrados óbitos por causa da nova gripe. No entanto a maior taxa de mortalidade é a da Argentina - 1,08% por 100 mil habitantes, contra a 0,29% do Brasil.
Dessa forma, tem-se que o Paraná tem mais mortes do que todo continente europeu. No entanto, não se sabe quais são os critérios de notificação e divulgação dos dados da nova gripe naquele continente, por isso a comparação se dá apenas com base nos números.
Segundo o diretor-geral do Laboratório Central do Estado (Lacen), Marcelo Pilonetto, não se pode comparar a incidência da nova gripe de um estado com a de um país. Isso porque não seria correto do ponto de vista científico comparar estado com país. Pois geralmente se tem densidades demográficas e condições geográficas diferentes, afirmou ao jornal Gazeta do Povo.
Já o diretor-geral da Sesa, André Pegorer, disse ainda que houve maior disseminação da gripe suína no hemisfério Sul porque o vírus começou a se espalhar no outono e o auge da pandemia está ocorrendo no inverno. Já no hemisfério Norte a pandemia se desenvolveu da primavera para o verão. E sabe-se que temperaturas mais altas auxiliam para que a disseminação do vírus se dê com menor velocidade e intensidade. Além disso, se está produzindo a vacina contra a gripe A e essa será mais uma arma que poderá ser utilizada no hemisfério Norte durante o inverno.
A Europa registrou um número menor de óbitos do que os Estados Unidos, por exemplo, que também se localiza no hemisfério Norte. Até esta quinta-feira, o país havia confirmado 522 mortes. A explicação para isso seria a proximidade com o México, país em que foram registrados os primeiros casos da doença. "O vírus chegou na Europa depois e a transmissão sustentada também começou mais tarde. Por isso também há um número menor de mortes", disse Pegorer.
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