Desenvolver um teste rápido e eficaz para a detecção do zika vírus é uma das prioridades do Ministério da Saúde neste momento. A virologista Cláudia Nunes dos Santos explica que uma das dificuldades para fazer esse teste é a semelhança da estrutura dozika com o vírus da dengue. Chefe do Laboratório de Virologia Molecular do Instituto Carlos Chagas, braço da Fiocruz no Paraná, ela é parte da equipe de pesquisadores que primeiro identificou a circulação do zika no país e que agora quebra a cabeça para criar um exame mais simples para a doença.
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Atualmente, o teste para confirmação do zika é feito por meio da busca de material genético do vírus em amostras tiradas do paciente nos cinco primeiros dias de sintomas. O material é enviado para os poucos laboratórios de ponta do país que estão aptos a fazer essa testagem – incluindo o Instituto Carlos Chagas, em Curitiba. Isso torna o diagnostico laboratorial caro, demorado e contribui para subnotificações.
Tanto que o Ministério da Saúde não sabe exatamente quantas pessoas foram infectadas pela doença no Brasil neste ano. Estimativa da própria pasta varia de cerca de 500 mil a 1,5 milhão. Para chegar ao número, o ministério considerou os casos notificados de dengue e depois descartados em estados que tiveram a circulação autóctone do vírus confirmada.
No Paraná, pela projeção do Ministério da Saúde, seriam 42 mil na projeção mais otimista. A Secretaria de Saúde do Estado, porém, fala em sete casos até agora – sendo apenas dois de contaminação local. Qual o número correto? Enquanto não houver um teste específico e rápido, não haverá como saber.
Para criar esse exame, os cientistas buscam agora identificar uma proteína que seja própria do vírus zika. “Depois de identificada essa proteína até se chegar ao teste propriamente dito, serão necessários vários outros passos. Quando ele estiver pronto, ainda será preciso validar o teste para, então, ele estar pronto”, diz Cláudia.
Otimista, como ela própria se descreve, a virologista espera que daqui um ano esse exame esteja disponível. Para tanto, os pesquisadores brasileiros também estão procurando parcerias com colegas de outros países. Uma das vias seriam laboratórios franceses, como o Instituto Pasteur, que iniciaram estudos sobre o zika após o surto da doença na Polinésia Francesa, em 2014.
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