Foi-se o tempo em que era preciso ficar na frente do computador, em casa, sozinho, para procurar paquera na internet. Graças à tecnologia móvel, isso já é coisa de outras décadas. Hoje, a possibilidade de achar uma paquera vai aonde você quiser. E ficou muito mais fácil e recíproca.
Um dos aplicativos mais baixados para gadgets da Apple comprova a vontade das pessoas de se conhecerem e se sentirem seguras para a primeira chegada. Baseado na localização de cada usuário, o Tinder, app para Android e iOS, funciona como um catálogo de encontros. Depois de fazer login com o perfil no Facebook, o aplicativo mostra quem está no mesmo raio de distância.
Ao navegar pelos perfis (para homens e mulheres), há duas possíveis escolhas: apertar o botão do coração, a ação para demonstrar interesse, ou o X, que descarta a pessoa. Se há interesse mútuo, quando duas pessoas concordam que querem se conhecer, a função de bate-papo aparece na tela. A lógica é simples: você só conhece as pessoas que querem lhe conhecer. De match em match (o termo usado para as combinações feitas pelo app), o Tinder virou o queridinho de quem quer descobrir gente nova e fica à espera da famosa mensagem: "Its a match!". Quando isso acontece, é meio caminho andado para a conquista.
Segundo o próprio Tinder, o Brasil já é um dos cinco países que mais utilizam o app e o número de usuários por aqui cresce de 5% a 10% por dia. O tempo de uso também surpreende. Em média, cada usuário entra 11 vezes por dia no aplicativo e passa sete minutos em cada vez.
Para Eduardo Bianchi, que se dedica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) ao estudo de aplicativos, apps como o Tinder possibilitam que as pessoas tenham relações diferentes com a cidade. "Os aplicativos tentam recriar a própria cidade a partir dos hábitos sociais de cada um", comenta.
Pamela Quiroz, professora de Sociologia da Universidade de Illinois, em Chicago, que pesquisa sites de relacionamentos desde a década de 1990, avalia que antes era excepcional usar um serviço para encontrar paquera. "Hoje, é mais normal, como se fosse uma outra maneira qualquer de conhecer pessoas. Quando comecei meus estudos, as pessoas que entravam em sites para conhecer outros solteiros tinham mais de 25 anos. Hoje, a faixa se expandiu", analisa.