Veja os ferimentos causados pelos tiros| Foto:

Acusação

"A voz e o olhar dele são muito fortes. Eu convivi muito tempo com ele. Ele ficou conversando comigo. Eu nunca mais vou esquecer dele, da forma que ele falou com a gente."

Monik Pegorari de Lima, vítima, sobre Juarez Ferreira Pinto.

"Os crimes foram praticados com exacerbada violência e requintes de crueldade. (...) Quanto ao crime de atentado violento ao pudor, verifica-se que o réu aproveitou-se dos ferimentos que havia causado na vítima e que a deixaram imobilizada para atacá-la sem que oferecesse resistência."

Carolina Aidar de Oliveira, promotora de Matinhos.

"Verificando a rotina de Paulo na data do crime do Morro do Boi, confirmou-se que ele esteve na companhia de outras pessoas, seus patrões e de sua então namorada, no horário em que o crime estava em curso."

Nota do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado no Paraná (Gaeco-PR), órgão do Ministério Público.

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Defesa

"Mudei as datas por causa dos cheques que eu tinha para receber."

Sirlei Aparecida Dias, funcionária da empresa em que Juarez trabalhava, explicando porque alterou a data de um caderno, apresentado como prova da presença do acusado em Pontal do Paraná.

"Depois eu comecei a lembrar. Ele pediu um vale de R$ 50. Eu tenho certeza."

João Carlos Guataçara Vaz dos Santos, sócio da empresa em que Juarez trabalhava, justificando-se por ter trocado o depoimento sobre a presença de Juarez na empresa no dia do crime.

"Provo que o Gaeco está errado."

Nilton Ribeiro, advogado de defesa de Juarez, que contesta a liberdade dada a Paulo Unfried .

"Não fui eu quem fez essa barbaridade."

Juarez Ferreira Pinto, acusado.

Confira como foi o crime de maior repercussão do Paraná em 2009
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A Justiça de Matinhos irá julgar o crime de maior repercussão em 2009 no Paraná nos próximos dias e a tendência é de condenação de Juarez Ferreira Pinto, acusado da autoria dos tiros que mataram o estudante Osiris del Corso e deixaram a namorada dele, Monik Pegorari, paraplégica. A garota foi molestada no dia 31 de janeiro do ano passado, após ser baleada, e resistiu 18 horas em uma gruta do Morro do Boi, no balneário de Caiobá, em Matinhos, até ser encontrada e socorrida.

Pesam contra Juarez o reconhecimento vigoroso de Monik e 15 dos 56 depoimentos. A investigação, no entanto, não obteve nenhuma prova material comprovando a participação de Juarez.

Para embaralhar mais o caso, "apareceu" o caseiro Paulo Delci Unfried como provável criminoso. Ele foi preso no dia 25 de junho do ano passado, acusado de quatro roubos e um estupro. Estava com um revólver 38, que o exame de balística comprovou ser a arma usada para matar Osíris e ferir Monik, e confessou o crime. Mas Unfried nunca conseguiu contar detalhes da história e chorava sempre que falava da família. Depois de uma tentativa de suicídio de Paulo na delegacia de Mati­nhos, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado no Paraná (Gaeco-PR) entrou no caso e garante: Paulo é inocente.

Com todas estas variáveis, a decisão de condenar ou não Juarez será complexa e caberá ao juiz Rafael Kanayama, que acompanhou e coletou a maioria dos depoimentos. Ele irá dar a sentença, apesar da Vara Criminal de Matinhos estar sob a responsabilidade da juíza Rita Borges Monteiro.

O Ministério Público já se manifestou no processo e falta apenas a defesa de Juarez entregar seu parecer – o que deve acontecer nesta semana – para que a Justiça se manifeste pela absolvição ou condenação de Juarez. Isso deve acontecer até o fim de fevereiro.

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Depoimentos

O principal argumento da acusação é o reconhecimento enfático de Monik Pegorari, aliado a 15 de­­poimentos de pessoas que alegam ter visto ou conversado com Juarez no dia do crime ou durante o resgate de Monik. É com base nisso que a promotora do Ministério Público em Matinhos, Carolina Aidar de Oliveira, pediu a condenação de Juarez: "Os crimes foram praticados com exacerbada violência e requintes de crueldade. (...) Quanto ao crime de atentado violento ao pudor, verifica-se que o réu aproveitou-se dos ferimentos que havia causado na vítima e que a deixaram imobilizada para atacá-la sem que oferecesse resistência", afirmou na manifestação judicial.

Além de Monik, o depoimento mais forte é do botânico Carlos André Abreu Carneiro, 30 anos. Ele declarou que esteve no Morro do Boi na noite do dia 31 de janeiro para ver o entardecer. Na descida, perto das 21 horas (horário próximo ao da violência sexual) cruzou com um homem parecido com Juarez, que portava uma lanterna. Posteriormente, reconheceu este homem como sendo Juarez.

No dia 1.º de fevereiro, Juarez te-ria sido visto pelos vigilantes Tobias Gonçalves de Castro Filho e Phillipe Teixeira da Cruz Pinheiro. A representante comercial e esposa de um integrante do Corpo de Bombeiros, Rosemeire Aparecida Ricci Biazott, disse ter conversado com o acusado durante o resgate de Monik.

Juarez, por sua vez, nega o crime e afirma que nunca foi ao Morro do Boi. "Sou inocente. Não fui eu quem fez essa barbaridade", disse em depoimento. A defesa dele conta ainda com o depoimento de seis pessoas ouvidas pela Justiça, que afirmam que Juarez não estava no Morro do Boi, em Caiobá, mas trabalhando na choperia do irmão dele, o policial civil em Matinhos Altair Ferreira Pinto, conhecido como Taíco. A Chopp na Praia fica no balneário de Santa Teresinha, em Pontal do Paraná, a 18 quilômetros do local do crime. Entre essas testemunhas, porém, duas negaram inicialmente a presença de Juarez na choperia.

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João Carlos Guataçara Vaz dos Santos, construtor e sócio da Chopp na Praia, afirmou no dia 18 de fevereiro (dia da prisão de Juarez) que não viu o acusado no bar no fim de semana do crime. Seu colega, Ademir Giroletta, motorista da choperia, também negou ter visto Juarez no dia 31 de janeiro, mas afirmou vê-lo no domingo, por volta das 9 horas, na praia em Santa Teresinha.

Mas no dia 22 de fevereiro os dois mudaram o depoimento e passaram a dizer que Juarez estava na choperia ao longo de todo o fim de semana. Ambos garantem que se confundiram no primeiro depoimento. "Depois eu comecei a lembrar. Ele pediu um vale de R$ 50. Eu tenho certeza", disse à Justiça João Carlos. "Troquei os dias. Entendeu?", acrescentou.

Além dos dois, são citados como testemunhas de defesa quatro pessoas, além de Juarez. Todas reforçam a tese de que o acusado não foi a Caiobá durante o fim de semana. A mais convicta destas pessoas é Sirlei Aparecida Dias, funcionária da empresa, acusada de adulterar um caderno de anotações para provar a presença de Juarez na empresa. Ela diz ter "100% de certeza" de que ele estava lá. "Mudei as datas por causa dos cheques que eu tinha para receber." Sirlei conta que entregou um vale de R$ 50 a Juarez na noite do crime.