Opinião
Um novo momento?
Katia Brembatti, repórter da Gazeta do Povo
"É só o começo!" Essas palavras de ordem ecoaram várias vezes ontem, durante a manifestação que aconteceu no centro de Curitiba. Bem ao estilo curitibano, pacato e ordeiro, até evitando pisar na grama, um "mar" de gente passou pelas ruas centrais da capital. O público era formado principalmente por jovens, em uma franca disputa para ver quem ostentava o cartaz mais criativo. Nenhum policial foi avistado durante as mais de três horas em que o protesto seguiu em total tranquilidade, até a Praça Santos Andrade. A essa altura, organizadores conversavam para evitar ir ao Centro Cívico. "Foi tudo bem até aqui. Se for para o Palácio, não vamos conseguir contornar", disse um. Ele estava certo.
Um protesto até então pacífico terminou em enfrentamento. Um desfecho lamentável.
Pelo menos 20 mil paranaenses tomaram as ruas ontem sem uma pauta completamente definida, mas com uma intenção muito clara: um país mais justo. Além de baixar a tarifa do transporte, os manifestantes pediram também educação e saúde de qualidade, são contra a PEC 37, gastos exagerados para Copa do Mundo 2014 e melhorias da mobilidade urbana. Além de Curitiba, mais 17 municípios do interior do estado fizeram manifestações.
Na capital, o clima ficou tenso no fim da marcha, quando manifestantes chegaram ao Palácio Iguaçu, por volta das 21h45. Um pequeno grupo tentou invadir a sede do governo do estado e foi impedida pela tropa de choque da Polícia Militar. Pelo menos uma pessoa ficou ferida e um número não confirmado de prisões foi efetuada. A fachada do prédio foi pichada com a inscrição "estado fascista."
INFOGRÁFICO: Veja o percurso que o protesto fez
"Lamentável, a polícia teve que intervir, infelizmente. Vândalos infiltrados em uma manifestação pacífica. Respeitamos a manifestação, mas temos que zelar pela ordem pública", disse o governador Beto Richa, via Twitter.
Com gritos de "o povo acordou", o grupo promete outros protestos para quinta e sexta-feira organizadores garantem que não vão ceder até que a prefeitura de Curitiba diminua a tarifa para R$ 2,60, a principal reivindicação do movimento.
Na capital, o ponto de concentração foi a Boca Maldita. O grupo cerca de 10 mil pessoas, de acordo com a PM entoou o hino nacional e saiu em marcha por volta das 18 horas. Policiais militares não foram vistos durante quase toda manifestação estavam infiltrados à paisana para qualquer imprevisto. Viaturas, só à longa distância.
O estudante de psicologia Mateus Landoski, 20 anos, participou da fabricação dos cartazes usados no protesto. "A vida está cada vez mais cara. Nós estamos aqui indignados pela violência que ocorreu nas manifestações em outras cidades também. O movimento não vai arredar o pé até baixarem a tarifa", afirmou.
Perfil
A maioria dos manifestantes era jovens estudantes, mas tiveram companhia de idosos, crianças e homens, contaminados pelo espírito de revolta das ruas centrais de Curitiba. A estudante de Química, Ana Carolina Cons Bacilla, 19 anos, foi à passeata com a mãe Kathi Tenate Cons, 56. "Chegamos às 20h. Sempre tentamos protestar, mas agora todo mundo está nas ruas. Esses protestos mostram que o povo é maravilho e que tem poder", afirmou.
Depois de deixar da Boca Maldita, os manifestantes chegaram à Praça Rui Barbosa. No local, o grande número de pessoas bloqueou a passagem dos ônibus. Um biarticulado da Linha Pinheirinho/Rui Barbosa teve que parar na Rua Pedro Ivo, para as centenas de passageiros descerem.
A assessoria da prefeitura de Curitiba informou que a tarifa não será baixada e disse que a tarifa real, hoje, é de R$ 2,99 e foi fixada já em R$ 2,85 para não prejudicar a população.
Pelo interiorManifestações ocorreram nas principais cidades do interior do estado. Acompanhe:
Londrina
Mais de 5 mil pessoas se reuniram em frente ao Cine Teatro Ouro Verde e saíram em caminhada pelas principais avenidas da cidade. O percurso teve início na Avenida Paraná e seguiu em direção à Avenida Higienópolis. Ao longo do percurso, os manifestantes gritavam "vem pra rua", convocando os moradores da região. "Toda revolução começa com uma faísca" foi outra frase bradada. Em Londrina, a passagem caiu de R$ 2,45 para R$ 2,35 após o corte de impostos federais.
Ponta Grossa
O terminal de transporte intra-municipal em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, ficou fechado por cerca de 30 minutos no início da noite de ontem, por conta da manifestação em prol do movimento nacional pelo passe livre. Cerca de três mil pessoas participaram dos protestos.
Foz do Iguaçu
Mais de 2 mil pessoas participaram do protesto contra a tarifa do transporte coletivo em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. A manifestação começou por volta das 17h30 em frente ao terminal central e se estendeu até o início da noite na Praça da Paz, ao lado da prefeitura. No último sábado, houve redução do preço da passagem em R$ 0,05. Hoje, a tarifa custa R$ 2,90.
Cascavel
Cerca de três mil pessoas saíram às ruas de Cascavel, ontem, para protestar contra o valor da tarifa do transporte público e contra a má distribuição de verbas em saúde e educação. A passeata percorreu a Avenida Brasil, em frente à Catedral da cidade, até a Praça Wilson Joffre.
Paiçandu
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