Em 210 cidades brasileiras, mais da metade da água captada para distribuição grande parte dela tratada se perde no trajeto entre a companhia e o consumidor por causa de vazamentos e ligações clandestinas, segundo o Atlas do Saneamento Básico, do IBGE. Problema que afeta 19 milhões de pessoas ou 10% da população. Na lista há sete capitais: Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Maceió (AL), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Recife (PE) e Rio Branco (AC). Além de cidades médias ou grandes, como Guarulhos (SP), Joboatão dos Guararapes (PE) e Feira de Santana (BA).
A perda de água é calculada pela diferença entre o volume captado para distribuição e o consumo final registrado pelas operadoras. Considerando apenas cidades com mais de 100 mil habitantes, seis em cada dez têm perdas entre 20% e 50% do disponibilizado.
O IBGE estima, no entanto, que o desperdício deve ser ainda maior do que o divulgado, pois nem todas as empresas têm informações precisas sobre perdas por furto ou vazamentos. Além disso, não entra na conta do levantamento o quanto é desperdiçado pelos consumidores nos domicílios.
Secas
A ineficiência no aproveitamento da água disponível afeta até regiões que costumam sofrer com secas. No Nordeste, há 94 municípios que perdem mais da metade da água 56 no semiárido. Ao mesmo tempo em que o país convive, de um lado, com altas perdas do que é captado, por outro, 23% das cidades declaram conviver com racionamento. Deste grupo, em 41% delas, ele chega a ser constante, independentemente da época do ano.
Os principais motivos para a escassez são seca ou estiagem, seguidos pela insuficiência de água no manancial, deficiência na produção, deficiência na distribuição e população flutuante em épocas de veraneio.
Os quatro primeiros fatores estão presentes em grande parte dos municípios nordestinos. O Nordeste também concentra 21 das 33 cidades brasileiras que não dispõem de rede geral de distribuição serviço que já chega a 99,41% dos municípios.