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saúde pública

21,7 mil aparelhos do SUS estão sem uso no país

 | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
(Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Em todo o Brasil, 21.769 equipamentos clínicos a serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) estão ociosos. No Paraná, são 930. Os dados retirados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, levam em conta apenas os aparelhos de diagnóstico por imagem (como raio-X e ultrassom) e os de manutenção da vida (como reanimador pulmonar, respirador e desfibrilador). Falta de servidores e de profissionais capacitados, aliados a equipamentos estragados ou em manutenção, são os principais fatores para que parte deles não esteja em uso.

Os índices correspondentes a agosto deste ano e indicam que 135 de 2,9 mil aparelhos por imagem estão parados. Em relação aos dados dos equipamentos de manutenção da vida, estão inativos 795 de um total de 25,2 mil existentes no Paraná e que estão a serviço da saúde pública. No total, portanto, são 930 equipamentos sem uso no estado.

Em cidades maiores, como Curitiba, parte da ociosidade se concentra em aparelhos reserva. Na maior parte dos municípios, porém, está fora de atendimento o único equipamento disponível. A solução tem sido recorrer a parcerias, contratação de serviços em cidades vizinhas e atendimento em rede.

“Por isso, o Suma [Serviço de Atendimento de Móvel de Urgência], que atende 80% da população do Paraná, é importante. Atuar em rede dá condições de atender e deslocar o paciente para onde tem estrutura necessária”, relata o diretor de Urgência e Emergência da Secretaria de Estado da Saúde, Vinícius Filipak.

Prejuízo

O não uso de qualquer um desses equipamentos afeta e prejudica o atendimento da saúde pública. Segundo Filipak, não existe equipamento que consiga ter operação permanente. “Como qualquer aparelho, eles podem estragar e estão sujeitos a manutenção. Alguns precisam de manutenção especializada e têm de ser encaminhados para outras cidades ou estados”, explica. A manutenção chega a tirar aparelhos do consultório por um mês. “A cidade que, por exemplo, tem dois tomógrafos não terá um funcionando e outro de reserva. Há déficit financeiro para ser viável ter equipamento de backup”, ressalta.

Piraquara

Equipamentos reservas se tornam uma ilusão quando há cidades do estado que nem sequer possuem um aparelho de raio-X funcionando, penalizando atendimentos de urgência e emergência. Um desses casos é na cidade de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O único aparelho desse porte em funcionamento está alocado no Hospital de Dermatologia Sanitária, que realiza atendimentos especializados na área.

A secretária municipal de Saúde, Maristela Zanella, informa que, desde que fechou o Hospital Piraquara,em dezembro do ano passado, a cidade, que tem cerca de 100 mil habitantes, ficou sem serviços para atender qualquer caso de urgência no município. “Tivemos de comprar um serviço de radiologia em Pinhais. Nossa ambulância leva os pacientes até lá. Em casos mais complicados é preciso recorrer aos hospitais de Curitiba”, afirma. Segundo ela, o município possui um pronto atendimento que realiza procedimentos básicos de urgência. “Se for um trauma mais severo, temos de encaminhar para estabelecimentos de referência”, informa.

Em Piraí do Sul, nos Campos Gerais, a solução é encaminhar a maior parte dos pacientes para outras cidades. Nos casos mais complicados, que requerem internamentos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a administração pública é obrigada a mobilizar uma rede. “Temos que encaminhar para centros maiores, como Ponta Grossa. Não contamos com equipamentos que possam ser usados aqui”, afirma a secretária de Saúde da cidade, Silvana Pierina.

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