Morte por frio é confirmada na capital
Um morador de rua aparentando 30 anos foi a primeira vítima do frio em Curitiba neste ano. Ainda não identificado, o homem foi encontrado na madrugada de ontem no Bairro Alto. Conforme o Instituto Médico-Legal (IML), a causa do óbito foi a hipotermia, que teria causado enfarte, mas exames complementares, com prazo de divulgação para 15 dias, devem ser feitos.
Há exatos 35 anos, o curitibano deixou de reclamar do frio para comemorar. Uma coincidência climática somou temperatura abaixo dos 2ºC abaixo de zero e a fina chuva, gerando um dos fenômenos mais esperados por parte da população: a neve. "O curitibano acordou mais cedo ontem e entre surpreso e extasiado pôde apreciar um espetáculo que em intensidade igual havia ocorrido apenas em 31 de julho de 1928", afirmou a manchete desta Gazeta do Povo, em 18 de julho, um dia após a neve. Um dos principais pontos de saída de Curitiba, a Rodoferroviária inverteu sua lógica e passou a receber passageiros de cidades próximas para ver o incomum acontecimento.
O frio de três décadas atrás, porém, está longe de se repetir nesse aniversário, e a chance de ver neve em qualquer região do Paraná está descartada pelo Simepar. A atual frente fria que incomoda os curitibanos não tem a força suficiente para proporcionar neve, que naquele 17 de julho causou congestionamento do sistema telefônico da capital e emperrou muitos carros.
Meteorologista do Simepar, Marcelo Brauer afirma que não há nada de extraordinário nas temperaturas registradas nesta semana. "A diferença é que havia uma sequência de calor, e as pessoas não esperavam a volta do frio. Curitiba, por exemplo, já registrou -2,5ºC em 2000", relata. Uma série de fatores precisam acontecer simultaneamente para a neve cair: temperatura pelo menos abaixo dos -2ºC, muita umidade e uma chuva constante e fina, como a que caiu ontem durante todo o dia em Curitiba. "Se o frio da última quinta-feira fosse um pouco mais intenso e se somasse com a precipitação de ontem, a possibilidade de neve existiria", explica Brauer.
No Rio Grande do Sul, segundo o meteorologista, a neve é mais comum em razão da umidade mais elevada e das temperaturas mais baixas. "A neve só volta em Curitiba por um lance de sorte, porque as características da cidade diferem das cidades localizadas na serra gaúcha, onde se vê o fenômeno com frequência", afirma.
Negativas
O frio diminuiu, mas a Região Sul ainda registrou temperaturas negativas. Confira alguns dos municípios:
> Urubici (SC): -2,7°C
> Quedas do Iguaçu (PR): -2,3°C
> Bagé (RS): -2,2°C
> Quaraí (RS): -1,1°C
> Jaguarão (RS): -0,5°C
> Uruguaiana (RS): -0,5°C
> São Joaquim (SC): -0,4°C
> Dom Pedrito (RS): -0,1°C Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia
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