Polícia descobre fraude em empréstimos consignados na prefeitura de Itaperuçu
- RPC TV
Quadrilha de Curitiba teria causado prejuízo de R$ 8 milhões à Previdência
Uma força-tarefa composta por agentes da Polícia Federal (PF), Ministério da Previdência Social e Ministério Público Federal (MPF) prendeu nesta terça-feira (2) cinco integrantes de uma quadrilha acusada de fraudar benefícios de auxílio-doença previdenciário em Curitiba. De acordo com estimativa da PF, os prejuízos causados pelo grupo aos cofres da Previdência Social passam de R$ 8 milhões.
A polícia deteve 58 pessoas acusadas de participar de um esquema que desviou R$ 1 milhão em empréstimos a funcionários fantasmas da prefeitura do município de Itaperuçu, cidade da região metropolitana de Curitiba, nesta terça-feira (2). Todos foram levados ao 1° Distrito Policial, no Centro , em Curitiba.
Desde 2007, a prefeitura de Itaperuçu firmou um convênio com o Paraná Banco para realizar empréstimos consignados (com desconto direto na folha de pagamento, o que geralmente se reflete em juros menores) por intermédio da empresa Century Investimentos Ltda. Há cerca de um mês, o banco pediu ao Núcleo de Repressão contra Crimes Econômicos (Nurce) para investigar uma série de falta de repasses referente ao pagamento dos empréstimos.
Nesta manhã, cerca de cem policiais civis cumpriram 58 de 88 mandados de prisão e busca e apreensão de documentos em Itaperuçu. Segundo o Nurce, funcionários do departamento de recursos humanos da prefeitura teriam falsificado contra-cheques, entre outros documentos necessários para as transações, para o desvio de dinheiro, assim utilizando laranjas no esquema há quatro meses. Os tipos de argumentos usados para aliciar os laranjas eram diversos, mas sempre era claro que haveria ganho para a pessoa bastando ceder a assinatura e alguns documentos.
Dos detidos, oito são os articuladores do esquema, sendo seis deles vinculados à prefeitura. Entre eles, está o filho do prefeito de Itaperuçu, Adenilson de Castro França. O secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, declarou em entrevista coletiva que estão tipificados os crimes de formação de quadrilha, estelionato, falsificação de documentos e falsidade ideológica. As outras pessoas, na maioria moradores pobres de Itaperuçu, foram utilizadas como laranjas, e chegaram a receber até R$ 1 mil para assinar e disponibilizar documentos ao grupo.
Delazari afirmou que as autoridades policiais investigam o destino do dinheiro e não ignoram o fato dos empréstimos terem iniciado pouco antes da campanha eleitoral. O atual prefeito de Itaperuçu, José de Castro França, conseguiu se reeleger. Em 26 de setembro, a Promotoria Eleitoral de Rio Branco do Sul e uma equipe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) fizeram uma série de diligências para apurar denúncias de que França estaria comprando votos.
O advogado da prefeitura de Itaperuçu, Álvaro Augusto Canetari, afirma que se trata de "mera coincidência" os golpes terem surgido na época eleitoral e nega um suposto uso na campanha. De acordo com Robson Barreto, delegado do Nurce, as investigações devem ser mantidas em segredo de Justiça. O nome dos envolvidos e mais informações não podem ser divulgados.
O departamento jurídico do Paraná Banco informou que não dará nenhuma declaração sobre o caso, pois respeita a determinação do Nurce. A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a empresa Century Investimentos, porém ninguém foi encontrado para falar sobre o caso.
A polícia deve manter os oito líderes do esquema presos durante todo o prazo da prisão temporária, que expira em cinco dias. Os laranjas devem ser liberados até a manhã de quarta-feira (3).
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