Os três estados da Região Sul tiveram 23 mil casas danificadas. Em Santa Catarina, desabamento matou animais| Foto:

Pais ajudam a retirar filhos soterrados

São Paulo - O ajudante de coleta de lixo Nivaldo Franco de Lima e o motorista Cláudio Aparecido Bueno, ambos de 42 anos, acompanharam de perto ontem o resgate das três crianças desaparecidas após o deslizamento de terra no Morro do Socó, em Osasco (SP). Às 15h41, se desesperaram ao ver os bombeiros retirarem os corpos dos filhos, aumentando para oito os mortos na Grande São Paulo por causa das chuvas.

A tempestade provocou o deslizamento de terra em uma encosta de 70 metros. Toda a terra cedeu sobre cinco barracos, três deles desocupados. Em outro, três crianças conseguiram sair antes de a casa ser encoberta pela lama. A mesma sorte não tiveram Rosemeire dos Santos, de 28 anos, e três de seus quatro filhos: Mateus (8 anos, filho de Cláudio), Isaac (7, cujo pai já morreu) e Tainara (3, filha de Nivaldo). Tatiana, de 11, mora com a avó e escapou da tragédia. O corpo da mãe foi encontrado anteontem por um amigo que ajudava nas buscas.

Os bombeiros tiveram de reduzir as buscas pelas crianças no fim da tarde de terça-feira por causa de um novo temporal. A Defesa Civil interditou 15 barracos e as pessoas precisaram deixar suas casas, sob ameaça de ação policial – outras dez famílias tiveram as casas interditadas ontem. Moradores também relatam que Nivaldo e um amigo tentaram invadir a área com enxadas para continuar o trabalho, mas foram impedidos.

Agência Estado

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Deslizamento no Morro do Socó, em Osasco, matou três crianças e elevou para oito o número de vítimas fatais em São Paulo
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Em Santa Catarina, 64 municípios atingidos pela tempestade e pelo vendaval, ocorridos entre segunda e terça-feira, estão em situação de emergência. Decreto assinado ontem pelo governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) colocou todos os municípios atingidos em estado emergencial, com o objetivo de conseguir mais rapidamente recursos junto ao governo federal e dar atendimento às vítimas.

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O valor dos prejuízos ao estado, que ainda se recupera dos estragos provocados pela chuva de novembro de 2008, está sendo levantado. O governo estadual já adiantou que o vendaval desta semana terá impacto nas finanças, pois a região atingida era importante criadora de suínos. Em toda a região Sul, cerca de 20 mil pessoas tiveram de deixar suas casas depois dos temporais. Os três estados somam 194 feridos e 23 mil casas danificadas. Santa Catarina foi o mais atingido.

O Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidro­meteorologia de Santa Catarina (Ciram) confirmou a ocorrência de três tornados no estado na madrugada de terça-feira. Os tornados são colunas de ar giratórias que se estendem de uma nuvem de tempestade até o solo. O fenômeno foi resultado do encontro do ar mais frio com o ar mais quente e formou nuvens com grande desenvolvimento vertical. A estimativa do Ciram é que os ventos tenham chegado a 120 km/h.

Devido ao vendaval, que arremessou construções a 40 metros de distância, quatro pessoas morreram, 170 ficaram feridas e outras 18 mil tiveram que deixar suas casas. O município mais atingido, Guaraciaba, decretou estado de calamidade pública.

Ecos do passado

Guardadas as devidas proporções e a origem do desastre, o ce­­nário de destruição de Guara­ciaba fez o secretário estadual da Defesa Civil, major Márcio Luiz Alves, lembrar da enchente de novembro de 2008, considerada a maior tragédia nacional provocada pela chuva. No Vale do Itajaí-Mirim, próximo do litoral, as chuvas do ano passado provocaram deslizamentos de terra que causaram 137 mortes, destruíram edificações e trouxeram um prejuízo de R$ 150 milhões em um mês.

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Na região atingida agora pelo vendaval, a maioria dos municípios enfrentava estiagem. Segundo o major Alves, o pior já passou, mas há possibilidade de tornados. A previsão também é de muita chuva em todo o estado em setembro, o que pode causar inundações no Vale do Itajaí.

"Toda a população de Santa Catarina está em estado de alerta, alguns para vendaval, outros para princípios de inundação", diz o gerente da Defesa Civil Estadual, major Emerson Emerim. "Santa Catarina hoje é o estado onde acontece maior número de desastres e a maior diversidade, tivemos furacão, tornado, tromba d’água, granizo, vendaval, uma diversidade muito grande de desastres."

Telmo Duarte, diretor da Defesa Civil de Blumenau, diz que a previsão para a primavera é de chuva acima da média. "O que nos preocupa são os deslizamentos, em função do que aconteceu no ano passado. Muitos pontos estão vulneráveis no município." Segundo ele, cerca de mil pessoas ainda estão em moradias provisórias.

Segundo o secretário de Articulação Nacional e do Grupo de Reação, Geraldo Althoff, dos R$ 460 milhões federais previstos, R$ 325 milhões já chegaram. Estão sendo aplicados para atender os atingidos, na reconstrução e em obras preventivas.