Embora o país seja conhecido por seus problemas internos de violência, outro perigoso inimigo deve ser incluído na agenda da segurança pública brasileira para a Copa de 2014: o terrorismo. Ao todo, o país tem 18 mil quilômetros de fronteiras secas, que precisam de constante vigilância, além de controle rigoroso da entrada de pessoas via aeroportos e portos. Os atentados de 11 de setembro de 2001 às torres gêmeas de Nova York chamaram a atenção para a expressão "terror". Desde então, todo grande evento ao redor do mundo é realizado com medidas extras de segurança.O maior medo é uma repetição do ocorrido nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, quando 11 atletas israelenses foram mortos por terroristas. Portanto, um longo caminho precisa ser trilhado para garantir a segurança do Mundial no Brasil.
Desde julho, o Ministério da Justiça (MJ) organiza reuniões a fim de discutir e elaborar estratégias em prol da segurança brasileira antes, durante e depois da Copa. Para isso, as cidades-sede e os estados precisam instituir comissões em nove áreas específicas, nominadas de câmaras temáticas. Na área de segurança pública, o ministério informou, por e-mail, que alguns projetos já saíram do papel e estão em fase de desenvolvimento. O conteúdo dessas ações, no entanto, não pode ser divulgado pois perderiam a eficácia. "O plano de segurança para a Copa de 2014 já foi elaborado. O documento está em vias de ser aprovado pelo governo federal", diz. Mas o planejamento estadual ainda não foi definido.
O Ministério da Justiça reconhece a necessidade de preparo para antecipar e impedir ações terroristas. Neste ano, representantes do governo brasileiro visitaram a África do Sul (última sede da Copa) e Londres (cidade-sede da Olímpiada de 2012) para trocar experiências. O coordenador do Centro de Pesquisas em Segurança Pública da PUCMG e do Instituto Minas pela Paz, Luís Flávio Sapori, considera a falta de tradição em combate a esse tipo de ação criminosa como principal obstáculo brasileiro na segurança pública. "É o maior desafio para a Copa, porque vamos ter de aprender muito com a experiência vivida por outros países", diz.
Pefron
O Brasil deu o passo inicial para o controle das divisas com a criação do Policiamento Especializado da Fronteira (Pefron), na avaliação de Juliano Cortinhas, integrante do Grupo de Trabalho Brasil que discute aspectos da segurança nacional e internacional e é financiado pela Fundação Frederich Ebert. "A ação do Pefron é importante para impedir a aquisição e entrada das armas, usadas para cometimento de crimes", explica Cortinhas, também coordenador do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.
Criado em 2008, o Pefron pretende estabelecer bases de policiamento especializado de fronteira nos dez estados localizados em regiões limítrofes. Somente neste ano, o MJ deve investir R$ 90 milhões na infraestrutura de equipamentos e ferramentas de monitoramento do programa. Além disso, cerca de 600 mil profissionais passaram por cursos de capacitação em segurança pública no país, desde 2005.
Delegado da Polícia Federal em Guaíra, Raimundo Francisco Castanon avalia o investimento em inteligência como fundamental para coibir esses crimes. "Sempre tem que ampliar esse trabalho de inteligência. Trabalhar com informação e antecipar a possibilidade", diz. Nos aeroportos e portos, essas atitudes têm o intuito de impedir a entrada de indivíduos potencialmente perigosos, identificando quem tem restrições ou é responsável por crimes em eventos dessa natureza uma espécie de sistema "anti-hooligan".
Outra forma de ação já posta em prática é a Operação Sentinela, que consiste no reforço do policiamento de fronteira. "O governo tem ampliado o controle. Mas, infelizmente, ele não tem a velocidade e as facilidades do setor privado. Por isso é preciso seguir a legislação, realizando licitações e concursos públicos", diz.
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