O turismo religioso também pode proporcionar outras vivências além dos roteiros cristãos. A Índia é um desses destinos. Berço do Budismo e do Hinduísmo, o país atrai milhares de estrangeiros interessados não apenas em experiências religiosas, mas também no contraste cultural.
A primeira vez que Julia Pierri, 35 anos, viajou para a Índia foi logo para uma imersão: durante oito meses, ela morou no ashram de Osho – ashrams são comunidades espirituais voltadas para o estudo e práticas religiosas e filosóficas – e conviveu com monges, mestres, alunos e sábios dedicados à vida espiritual. Nunca mais foi a mesma.
“A Índia me abriu todos os universos possíveis. Fiz muitos trabalhos terapêuticos, como terapia primal e regressão a vidas passadas. Adquiri uma bagagem cultural e espiritual sem igual, pude conhecer o ser humano em circunstâncias completamente diferentes da minha. É uma experiência real, não pasteurizada e transformadora. Não há quem volte o mesmo depois da Índia.”
Além dos ashrams, Julia destaca os milhares de mosteiros, templos e santuários espalhados por todo o país; a prática de yoga e meditação, ensinadas para todos os indianos desde a infância nas escolas; e a vivência das ruas.
A Índia, avalia, tem uma espiritualidade viva, que pode ser vista e sentida nas ruas, onde vivem os sadhus, homens místicos e ascetas que abdicam do mundo material (incluindo profissão e família) para dedicar a vida à busca espiritual; na beira do rio Ganges que, sagrado, acomoda um sem-fim de templos e crematórios cujas chamas não se apagam há centenas de anos; na presença de vacas que, também sagradas, circulam livremente pelas cidades.
“Existe harmonia nesse aparente caos. A Índia é o destino para quem busca espiritualidade e autoconhecimento; os indianos possuem outro nível de consciência, são amorosos, hospitaleiros e compassivos. Muita gente vai e não quer mais retornar. Muitos não voltam.”