Moradores aplaudem o encerramento das operações no aterro da Caximba: festa com direito à missa e carreata| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Vereadores

Comissão do Lixo promete fiscalizar área

Membro da Comissão do Lixo da Câmara Municipal de Curitiba, o vereador Pedro Paulo (PT) afirma que a casa vai monitorar o envio de resíduos nos aterros temporários credenciados pela prefeitura. "Curitiba é a principal interessada nisso. A população vai pagar o dobro pelo transporte de resíduos para o novo local", afirma. As empresas que tiveram aterros homologados vão receber até R$ 47,06 por tonelada – até ontem, a prefeitura repassava R$ 23,37 para a operação do Aterro da Caximba, sem contar os custos da coleta e seus investimentos realizados na manutenção do espaço. Pedro Paulo teme que os espaços emergenciais se estabeleçam por mais tempo do que está previsto – conforme os contratos, por 24 meses com possibilidade de prorrogação. A preocupação deve persistir até a instalação da usina do lixo, o Sipar.

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Cronologia

A desativação do lixão da Caximba foi cercado de polêmicas. A dificuldade em achar uma nova área atrasou o fechamento do aterro, previsto para 2008.

1989 – Implantação do aterro.

2002 – Diante das evidências de esgotamento da Caximba, Curitiba procura nova área para depositar o lixo de Curitiba e região metropolitana.

Confira a cronologia completa.

Aterro da Estre recebeu o primeiro caminhão de lixo às 9h25: solução emergencial
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A comunidade do bairro Caximba acordou em estado de graça ontem. Depois de anos de luta e negociação, os moradores puderam finalmente festejar o fim das operações no aterro sanitário que, por 21 anos, recebeu o lixo gerado em Curitiba e 17 municípios da região metropolitana. E com direito à missa, carreata e aplausos em frente ao agora lixão desativado.

Ao mesmo tempo, do outro lado do Rio Iguaçu, uma área de 380 metros quadrados da empresa Estre Ambiental, em Fazenda Rio Grande, começou a armazenar os resíduos trazidos por caminhões coletores. A maior parte do lixo – 2,3 mil das 2,4 mil toneladas diárias – foi depositada neste terreno. O restante foi para o espaço da Essencis, na divisa de Araucária com Curitiba. Os dois aterros foram contratados como solução emergencial e provisória pelo Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos, enquanto a licitação da usina de beneficiamento do lixo, o Sipar, não tem um desfecho na Justiça.

Por volta das 9 horas, cerca de cem moradores se reuniram em uma missa, na paróquia local, e, em seguida, se dirigiram em carreata até o Aterro da Caximba para dar o último adeus. "Ninguém vai levar um souvenir para casa, porque o passivo ambiental vai permanecer aqui por muitos anos", afirma Jadir Silva de Lima, presidente da Aliança para o Desenvol­vimento Comunitário da Caximba (Adecom). Emocionados, muitos moradores nem sequer acreditavam no que viam. "Só é possível crer quando os olhos veem. Foi uma luta muito difícil até agora", diz a moradora Lila Oslicki.

A comunidade também aproveitou a ocasião para pedir compensações pelo tempo em que conviveu com o aterro. "Queremos investimentos em saúde, educação, melhoria do asfalto e da iluminação, segurança e regularização fundiária", afirma o padre José Antonio Cunha, que celebrou a missa. Ele diz esperar que o fechamento do aterro se transforme em um marco para o bairro, "virando um local onde todos queiram morar" e deixando de ser conhecido como o bairro do "lixão". "A maior indenização é a compensação com melhorias", afirma Lima.

Os moradores mais antigos da área dizem que, na época da instalação do aterro, várias promessas de que o bairro seria recompensado foram feitas pela prefeitura. Mas isso, segundo a comunidade, não aconteceu. "O lixão veio e não teve melhoria. Para falar a verdade, até piorou", critica João Batista de Oliveira Filho, 78 anos, que vive no local desde antes da implantação do aterro. A aposentada Matilde Miranda Machado, 65 anos, diz que os problemas respiratórios com que sofre há seis anos são fruto da convivência com o espaço. "Quase não consegui chegar à missa de tanta falta de ar. Meu médico disse que o aterro pode ter a ver, sim", afirma, mostrando seus exames.

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Na última sexta-feira, o secretário do Meio Ambiente de Curitiba, José Antônio Andreguetto, declarou que a intenção da prefeitura é transformar a Caximba em um parque municipal. No entanto, optou por não definir prazo para isso ocorrer. "Precisamos desmistificar aquela região. O parque será instalado assim que houver condições e será monitorado por muitos e muitos anos", afirmou. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o Par­­que Villa-Lobos, com mais de 732 mil m2 de área total, foi depósito de lixo até o fim da década de 1980.

Fazenda Rio Grande

Horas antes da abertura do aterro da Estre, chamado de Centro de Gerenciamento de Resíduos Iguaçu, havia um clima de apreensão com a possibilidade de manifestações por parte da comunidade de Fazenda Rio Grande. No entanto, o que se viu foi um clima de tranquilidade. Às 9h25, o primeiro caminhão, oriundo de Colombo, despejou 25 toneladas de lixo, inaugurando o aterro. De acordo com informações da Secretaria do Meio Ambiente, apesar da mudança de aterro, nenhum atraso ou incidente foi registrado na coleta do lixo. Segundo a assessoria de imprensa do orgão, ainda é cedo para detectar problemas na prestação do serviço.

Colaborou Gabriel Azevedo