A Curitiba do fotógrafo Juliano Lange, 27 anos, é a esquina da Riachuelo com a São Francisco. Um prédio azul cinquentenário é a morada de Lange desde que ele trocou Santa Maria, no Rio Grande do Sul, pela capital dos paranaenses, há cerca de um ano e meio. Vieram juntos do interior gaúcho a namorada, um amigo, uma câmera fotográfica e a bicicleta. Tudo, diz ele, meio no susto.
"Santa Maria é uma cidade universitária, não teria muito campo de trabalho. Curitiba parecia ser uma cidade interessante para trabalhar, mas também para se morar", diz o fotógrafo, que havia estado apenas uma vez na cidade, participando de um encontro acadêmico. A iniciativa vem dando certo. O fotógrafo tem feito trabalhos free lancers com fotografia e produção audiovisual. A namorada e o amigo também estão empregados e a cidade está agradando.
E o mérito dessa afeição está todo na esquina do centro velho. "Não conhecíamos nada na cidade, nada nos bairros. Por isso alugamos o apartamento no centro, que tem tudo perto e permite nos locomover sem carro ou ônibus."
Nem tudo são louros na morada da Riachuelo. "Daqui a gente vê o pessoal fumando crack e volta e meia tem barulho de sirene. Mas, pelo menos, ninguém nunca incomodou a gente." De resto, a vizinhança é tranquila. A redondeza abriga muita gente como o fotógrafo: estudantes universitários, profissionais liberais, casais jovens e sem filhos. Esse pessoal está perto de mercados, bancos, restaurantes, bares e cinemas, vê um charme de velha guarda por entre as ruas antigas e as construções malcuidadas e sabe aproveitar as benesses da localidade. Lange praticamente mobiliou o apartamento com o que encontrava na rua. "O pessoal das lojas de móveis usados tem tanta coisa em tão pouco espaço que joga fora o que não interessa. Sempre dá para achar umas peças de qualidade e conservadas."