Muita apreensão nos corredores da 17ª Vara Criminal do Tribunal Judiciário do Rio onde, às 14h, começou a audiência de instrução e julgamento dos dois acusados de terem assassinado o estudante de Biologia, Alex Schomacker Bastos, no ano passado, enquanto o jovem estava em um ponto de ônibus na Rua General Severiano, em Botafogo, na zona sul da cidade. Os pais da vítima, Andrei Bastos e Mausy Schomaker, vestidos com camisas do filho, falaram do sofrimento em acompanhar o julgamento.
“A justiça é impossível para o nosso filho, pois não há justiça em sua morte. Nós não perdoamos mas dedicaremos a aplicação exemplar da lei a todos os pais que, esperamos, não sejam obrigados a sentar frente a frente com assassinos dos seus filhos. A morte de Alex não afeta apenas nós. Sua ausência deixa também um vazio imenso na vida de alunos, professores e companheiros de pesquisas científicas. Sua ausência deixa um vazio imenso na vida inteligente deste país”, concluiu Andrei.
Para Mausy, ficar de frente com os acusados vai ser duplamente doloroso.
“Não conhecemos palavras que realmente descrevam o que hoje sentimos. A pena mais rigorosa, as piores condições de vida na prisão, nada é suficiente para que tenhamos o sentimento de que a justiça será feita. Ficar cara a cara com essa brutalidade tendo consciência de que ela é feita por seres que não consideramos humanos, é duplamente doloroso. Dói pelo sofrimento que nos causa e dói pela sombra que projeta sobre o futuro dos nossos filhos, netos e de toda sociedade”, disse Mausy.
Willian Augusto Nogueira, de 27 anos, e Anderson Leandro Bernardes, de 32, foram detidos no mês de maio, acusados de outros roubos na região da 10 DP (Botafogo). A polícia descobriu, na época, que a motocicleta apreendida com Willian foi uma das utilizadas pelos ladrões no ataque ao universitário. Com isso, ele e o cúmplice foram denunciados pelo Ministério Público como os autores dos disparos.
Após uma acareação na Divisão de Homicídios, Anderson negou participação no latrocínio (roubo seguido de morte), mas Willian chegou a confessar o crime. Durante as investigações, Willian chegou a apontar uma terceira pessoa como autor dos disparos. Entretanto, a DH descobriu que o homem apontado já havia sido morto há três anos. Ainda de acordo com a Polícia Civil, Willian responde a mais de dez inquéritos por roubo em Botafogo e no Flamengo. Segundo a delegada Bárbara Lomba, a dupla teria feito entre 30 e 40 vítimas na região.