A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp) decidiu suspender a realização do Show Medicina, tradicional evento de estudantes do curso, criado em 1944, que ocorre em um anfiteatro da faculdade, após recomendação do Ministério Público Estadual (MPE).
Em sete meses, USP tem 47 eventos não autorizados
Leia a matéria completaA festa foi denunciada por alunos da instituição no ano passado, após supostos casos de violação aos direitos humanos e humilhações aos participantes. “Ficou apurado que para integrar o Show Medicina os interessados passam por um ritual composto de trotes violentos e humilhantes, com forte assédio moral, sexual, além de violência física e noitadas com prostitutas”, escreveram as promotoras Beatriz Fonseca e Silvia Chakian de Toledo Santos, responsáveis pelo inquérito civil.
O processo foi aberto depois de alunos denunciarem a festa em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) no ano passado, para apurar casos de violações de direitos humanos em universidades paulistas.
A recomendação, já enviada ao diretor da Fmusp, José Otávio Costa Auler, sugere suspensão da outorga de autorização de uso do teatro entre a Associação Cultural Show Medicina, responsável pelo evento, e a faculdade.
“A permissão de uso foi concedida sem qualquer apuração dos fatos constatados no relatório da Alesp e sem a garantia da efetiva modificação da cultura de violência praticada pelo grupo, consistente na prática de violência física, moral e sexual, bem como na imposição da submissão e humilhação àqueles que pretendem integrar a associação”, diz o texto da recomendação.
O MPE também sugere que a Fmusp instaure sindicância administrativa para apurar os fatos apontados no relatório da Alesp. Pede ainda a alteração do modelo do Show Medicina, que segundo o relatório da Alesp, exigia que os candidatos fossem homens e participassem de um “vestibular” onde sofriam humilhações físicas e morais.
“Tradicionalmente, somente os homens podem participar da atividade (processo criativo e apresentação), reservandose às mulheres a costura dos figurinos, em espaço segregado. Os homens não podem participar da costura e as mulheres estão impedidas de participar do evento”, diz o texto. O MPE solicita que as propostas sejam atendidas nos próximos 30 dias.
O caso do Show Medicina veio a público após a denúncia de duas estudantes que disseram ter sido estupradas em festas organizadas por alunos da Fmusp. Depois relato das alunas, feitos em uma audiência pública na Alesp, foi instaurada uma CPI que durou até março deste ano e recomendou, em seu texto final, que alunos com histórico “trotista” não pudessem participar de concursos públicos.
Com a repercussão do caso, a Fmusp reagiu: anunciou à época a criação de um Centro de Direitos Humanos, com assistência jurídica, ouvidoria, assistências psicológica e de saúde para apoiar os alunos da instituição que forem vítimas de violência. Já neste ano, um estudante de Medicina acusado de ter estuprado três alunas foi suspenso e impedido de colar grau.
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora