O projeto que deu o prêmio Viva Leitura 2014 ao Colégio Estadual João Gueno, no bairro São Dimas, em Colombo, não deve ser visto como um método. “É uma experiência. Usamos a tática dos antropólogos – iguais àqueles que vão lá, viver com o grupo que está sendo estudado”, explica a pesquisadora Elisa Dalla Bona, referência em leitura literária e professora do Departamento de Educação da UFPR.
Os alunos dos últimos anos do ensino fundamental apresentavam dificuldades crônicas de leitura – resultado de passivos do letramento anterior. A situação levou a professora Érica Rodrigues – e a direção do “João Gueno” – a reagir. Com a parceria da UFPR, pequenas rotinas da escola foram sendo revistas e alteradas – entre elas o funcionamento da biblioteca. O início de uma conversa com a autora Índigo se somou a essa reviravolta, trazendo ânimo à rotina escolar. “Eles não imaginavam que uma escritora ia se abalar até lá, para conhecê-los. O episódio mexeu com a maneira como eles se veem”, reforça Dalla Bona.
“Adotado” por escritora, colégio de Colombo ganha prêmio nacional de leitura
Alunos de colégio da periferia de Colombo fazem amizade com escritora pela internet e mudam rotina das aulas de Português
Leia a matéria completaTivesse parado por aí, seria só uma história bonita. Passado o furor da leitura de dois livros de Índigo – A maldição da moleira e Saga animal – a próxima sugestão foi trabalhar o gênero “diário”. O primeiro título sugerido para a empreitada foi O diário de Anne Frank, logo descartado. Érica suspeitava que não daria certo. Em outro extremo, surgiu a proposta de ler o best seller O diário de um banana, de Jeff Kinney. Desta vez foi Elisa Dalla Bona quem puxou o freio de mão. Mas recuou. “Tive de vencer o preconceito. Li e adorei”. Os alunos concordam com ela.
Da leitura de Saga animal, de Índigo, e O diário de um banana, de Kinney, nasceu o primeiro livro escrito pelos próprios alunos – Diário animal. Passaram de leitores a autores, de acordo com os estudos da francesa Catherine Tauveron. A edição ainda é caseira – feita na impressora e encadernada com espiral. Tem ilustrações e se tornou objeto de estudo de alunos de Letras e Pedagogia da UFPR que integram o projeto de parceria com o Colégio Estadual João Gueno.
As análises preliminares indicam que os alunos – os mesmos que se deliciaram ouvindo a professora Érica lendo em voz alta – desenvolveram uma linguagem próxima do literário. Fazem avanços na comicidade e no uso de figuras de linguagem. O tema de Diário animal pede. Os autores adolescentes dão voz e consciência a animais domésticos. Quem fala nos textos são cachorros, gatos e cavalos. A antropomorfização cria sugestões ricas para os escribas iniciantes: “Me olhava no espelho e me sentia um gatão”, diz um cachorro, a folhas tantas. Depois de Índigo, a autora, a conversa no pátio do “Joao Gueno” é sobre Alessandra, Amanda, Daniel, Kaune e Matheus – entre outros – agora autores.
Clima e super-ricos: vitória de Trump seria revés para pautas internacionais de Lula
Nos EUA, parlamentares de direita tentam estreitar laços com Trump
Governo Lula acompanha com atenção a eleição nos EUA; ouça o podcast
Pressionado a cortar gastos, Lula se vê entre desagradar aliados e acalmar mercado
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião