O ex-executivo da área de seguros Ari Portugal, 57 anos, faz parte da torcida organizada pela efetivação do Parque Estadual da Serra da Baitaca. Afinal, ele gosta de se dar bem com os vizinhos. Há sete anos, Portugal raspou as economias e fez o que muitos podem julgar um atestado de insanidade: comprou num leilão da Rede Ferroviária Federal a estação Roça Nova ponto mais alto da estrada na Serra do Mar , uma litorina Bud da década de 60 e o túnel de 429 metros construído próximo dali, entre 1882 e 1885. Isso mesmo, o túnel agora tem dono.
Com a aposentadoria das Marias Fumaça, em 1969, o local perdeu a utilidade. Ao lado, foi construído outro túnel, com bitola mais larga. O tempo de abandono, por incrível que pareça, só lhe fez bem, principalmente porque desperta a curiosidade até das baitacas papagaios que dão nome ao parque. Essa é, inclusive, a aposta de Ari, que planeja fazer da litorina uma casa de chá, do ponto alto uma área para chalés e do túnel esquecido um passeio pelo tempo, na velha Maria outra raridade que pretende tirar do esquecimento. Quanto custou o sonho até agora? "Não conto por nada nesse mundo. Isso aqui não tem valor. É um patrimônio cultural."
Literalmente. Todas as ações do empresário no trecho da Serra do Mar que agora pode chamar de seu terão de ser monitoradas pelo setor de Patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura, já que a paisagem é tombada. O plano é concluir tudo até o final de 2007. Quem descer de trem pode parar no recanto de Portugal, ver a paisagem de Piraquara. Ou ir de carro, por estrada de chão, vencendo cerca de 15 quilômetros. Não há de ser nada. A turbulência não é maior do que a sentida quando o trem passa em Roça Nova. "Aqui a terra treme", avisa Portugal. É verdade.
Se na vizinhança do Parque Estadual da Baitaca o turismo vai ser dos bons, dentro da reserva, idem. Em 14 de setembro, o governo do estado inaugura o restauro de 16 dos 22 quilômetros do Caminho do Itupava, estrada indígena, usada nos tempos coloniais, aposentada na primeira metade do século 18, quando a Graciosa e a própria Estrada de Ferro Curitiba Paranaguá melhoraram as condições de trânsito na região. O ponto de partida para o percurso é o Distrito de Borda do Campo, antiga povoação, ao pé do Anhangava, com dois mil habitantes e cuja história se confunde com todo o resto.
Esses e outros equipamentos fazem ensalivar o poder municipal, que planeja tirar o turismo local da marcha lenta de uma vez por todas. Especialmente Piraquara, que por ter quase 100% de área protegida não pode instalar indústrias que produzam efluentes líquidos, pondo em risco os mananciais. Atrair viajantes seria uma das saídas para vencer a pobreza. Um bom parque por perto não seria nada mal. "Apoiamos a iniciativa desde o início", reforça Gilmar Clavisso, secretário de Meio Ambiente e Agricultura de Piraquara. Não por menos. Nos 15 quilômetros que ligam a cidade das águas a Quatro Barras, a paisagem é quase perfeita. De um lado está o Represa do Iraí à espera de chuva; de outro o Parque Estdual da Serra da Baitaca, à espera do que lhe é de direito. (JCF)
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